Eduardo Catroga: "Negociação foi essencialmente influenciada" pelo PSD

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Catroga criticou o Governo Nuno Ferreira Santos/arquivo

O economista Eduardo Catroga afirmou esta terça-feira que a negociação do programa de ajuda externa a Portugal "foi essencialmente influenciada" pelo PSD e resultou em medidas melhores e que vão mais fundo do que o chamado PEC IV.

Numa declaração aos jornalistas, em nome do PSD, na sede nacional dos sociais-democratas, em Lisboa, Eduardo Catroga considerou que a revisão da trajectória do défice foi uma "grande vitória" dos sociais-democratas. E congratulou-se também com o facto de o programa de ajuda externa a Portugal não afectar as "pensões de sobrevivência e de invalidez de cerca de um milhão de pensionistas com menos de 200 euros mensais" que, disse, eram "atacadas" pelo Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) chumbado em Março pela oposição no Parlamento.
"Portanto, as medidas que agora aparecem são medidas melhores para os portugueses", considerou o economista que tem representado o PSD nas conversações sobre a ajuda externa a Portugal.
Segundo Eduardo Catroga, o primeiro-ministro, José Sócrates, agora apresenta-se "como vítima e como vencedor de uma negociação que foi essencialmente influenciada pelo principal partido de oposição".
O antigo ministro das Finanças alegou que a "troika" composta pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), pelo Banco Central Europeu (BCE) e pela Comissão Europeia (CE) percebeu a "estratégia diferenciadora" do PSD "quanto à qualidade da consolidação orçamental, quanto à necessidade de virar agora a austeridade, não para as pessoas, mas para o Estado, quanto à necessidade de a austeridade ter mais justiça social".
"O Governo perdeu a batalha de querer convencer que as medidas do PEC IV eram as melhores para o país, de que a trajectória do défice o público era a melhor para o país, perdeu a batalha de não considerar conjuntamente com as medidas de austeridade do Estado", defendeu.
De acordo com Eduardo Catroga, as "informações gerais" que foram hoje conhecidas sobre o programa de ajuda externa a Portugal mostram que "o chamado PEC IV estava ultrapassado e que as medidas nele constantes eram insuficientes, na medida em que há um reconhecimento de que o défice para 2011 é bastante superior".
"Como também se conseguiu demonstrar, como, aliás, o presidente do PSD em tempos já tinha dito, que era necessário rever a trajectória do défice que o Governo, inconscientemente, tinha acordado com Bruxelas", disse.
As novas metas do défice – 5,9 em vez de 4,6 por cento para 2011, 4,5 em vez de 3 por cento para 2012 e 3 por cento em vez de 2 por cento para 2013 – são "uma grande vitória daqueles que defendem, como nós, uma consolidação orçamental a um ritmo mais adequado do que aquilo ritmo com que o Governo se tinha comprometido", reforçou.
O economista apontou que "nas medidas de austeridade do PS não se falava na necessidade de reduzir o gordo Estado paralelo, o novo Estado paralelo, não se falava na necessidade de racionalizar o Estado, falava-se em privatizações, mas que eram sempre adiadas, não se falava em produtividade, em competitividade".
"Portanto, nós temos agora uma oportunidade única. Penso que o PSD, através da equipa que eu chefiei, deu um grande contributo para este processo. Portugal vai ter aqui uma oportunidade de fazer as reformas que se impõem, para dar esperança aos portugueses, para dar esperança à juventude", concluiu Catroga.

Notícia actualizada às 00h50
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