Bom prenúncio

Cristiano Ronaldo deu à selecção uma preciosa vitória sobre a Suécia. A equipa nacional vai à Escandinávia em vantagem no play-off de apuramento para o Mundial.

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Os jogadores portugueses festejam o golo Miguel Riopa/AFP
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Zlatan Ibrahimovic não esteve inspirado no Estádio da Luz Miguel Riopa/AFP
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Cristiano Ronaldo foi a figura da partida Hugo Correia/Reuters
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Bruno Alves e Zlatan Ibrahimovic disputam a bola Rafael Marchante/Reuters
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Nani tenta controlar a bola frente a um adversário sueco Francisco Leong/AFP

Se formos adeptos das ciências do oculto e de ler sinais naquilo que se passa à nossa volta, a selecção portuguesa ficou bem encaminhada para ir à fase final do Mundial 2014, no Brasil. A equipa de Paulo Bento venceu a Suécia por 1-0, com Cristiano Ronaldo a marcar o golo já dentro dos últimos dez minutos. Esta foi a primeira vez que Portugal venceu a Suécia em jogos realizados em território nacional (a quarta no total de 16 encontros). O historial recente entre as duas selecções registava três empates consecutivos, com o último triunfo português a remontar a 2002. E foi também o primeiro golo que Cristiano Ronaldo apontou à Suécia, adversário frente ao qual tinha ficado “em branco” em quatro ocasiões anteriores. Uma série de coincidências ou um bom prenúncio para 2014?

O Estádio da Luz esteve cheio para assistir à primeira mão do play-off que atribuirá uma vaga no Campeonato do Mundo. Num confronto entre um país próspero e outro sob resgate financeiro das instituições internacionais, o Sul da Europa impôs-se ao Norte – no campo de futebol.

Cristiano Ronaldo assumiu o protagonismo na partida e vestiu o papel de herói ao fazer o golo da vitória. O capitão da equipa nacional ofuscou a estrela sueca Zlatan Ibrahimovic – das poucas referências imediatamente identificadas por cá com o país escandinavo. O golo de Cristiano Ronaldo quebrou a resistência da defesa da Suécia, que até aí se tinha mostrado competente, muito ao contrário do que acontecera durante a fase de apuramento (foi a segunda defesa mais batida entre as oito equipas que chegaram ao play-off). E, sem deslumbrar, Portugal obteve uma preciosa vantagem para o jogo da segunda mão, na terça-feira, em Solna.

Igual a si próprio, Paulo Bento não surpreendeu nas escolhas para o “onze” inicial. O técnico fez uma aposta conservadora naquela que tem sido a equipa-tipo da selecção, que incluiu Fábio Coentrão no lado esquerdo da defesa - mesmo tendo o jogador do Real Madrid chegado à selecção com mazelas físicas e poucos minutos de jogo pelos merengues.

A principal diferença entre suecos e portugueses não estava na média de idades, mas na de jogos internacionais. A equipa titular portuguesa tinha 28,1 de idade média e somava um total de 639 internacionalizações, contra as 580 dos nórdicos, cuja média etária se cifrava em 28,7.

Consciente da urgência de chegar rapidamente à vantagem, para que jogadores e adeptos pudessem tranquilizar-se, a selecção portuguesa dominou a fase inicial da partida. Mas, embora conseguisse levar a bola à área sueca, os lances revelavam-se inconsequentes. João Moutinho teve nos pés uma oportunidade privilegiada para inaugurar o marcador logo aos cinco minutos, mas atirou para fora: uma excelente abertura de Raul Meireles deixou o médio do Mónaco isolado, com Moutinho a contornar Isaksson mas a errar o alvo.

Contudo, as melhores oportunidades do primeiro tempo (foram duas) pertenceram à selecção de Erik Hamrén. O golo sueco esteve muito perto de surgir aos seis minutos, quando Elmander surgiu na área a desviar o cruzamento de Lustig. A bola passou a milímetros do poste da baliza portuguesa. Mais tarde, foi Rui Patrício a fazer uma boa defesa: Kacaniklic avançou na esquerda, colocou na área onde Ibrahimovic fez a simulação e deixou a bola passar para Larsson, cujo remate foi travado pelo guarda-redes português.

A entrada de Portugal no segundo tempo deixou a desejar, com a selecção a mostrar-se lenta e previsível. A equipa nacional teve um lance confuso na área sueca (50’), no qual ninguém conseguiu marcar e que acabaria invalidado por mão de Pepe. Postiga atirou perto da baliza (63’) e Nani viu o seu remate ser defendido por Isaksson (69’).

Mas foi então que Cristiano Ronaldo colocou um ponto final ao desacerto ofensivo, cabeceando para o 1-0: no lado esquerdo, Miguel Veloso cruzou a bola a meia altura e Cristiano Ronaldo mergulhou para o golo. O avançado português ainda esteve muito perto de bisar, mas o seu cabeceamento acertou na barra da baliza nórdica.

Mais que uma vitória, Portugal obteve alguma esperança. Com o país afogado em dificuldades, algumas semanas de euforia futebolística em 2014 não são uma má perspectiva. A acontecer a viagem para o Brasil, será a quarta presença consecutiva numa fase final do Campeonato do Mundo – a selecção portuguesa não falha uma grande competição internacional desde 1996. Mas, para tal acontecer, ainda falta a segunda parte do exame, em solo sueco.


A FIGURA DO JOGO: CRISTIANO RONALDO
No primeiro assalto do duelo com Zlatan Ibrahimovic, o português saiu vencedor. Quando o empate já surgia ameaçador no horizonte da equipa nacional, Cristiano Ronaldo chamou a si a responsabilidade e fez o golo que deu a vitória à selecção.

Foi o 44.º com a camisola de Portugal, que o deixa a apenas três de Pauleta, o melhor marcador da história da equipa nacional. E ainda enviou uma bola à barra da baliza sueca, num cabeceamento vigoroso.
 
Apesar da votação para a Bola de Ouro da FIFA já estar feita, e tendo em conta o rendimento extraordinário que Cristiano Ronaldo está a patentear em 2013, torna-se cada vez mais complicado ao organismo que tutela o futebol mundial justificar a atribuição do prémio que distingue o melhor futebolista mundial a outro que não o capitão da selecção portuguesa.
 

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