Todos os dias são novidade para a selecção e clubes do Sudão do Sul

A independência do Sudão do Sul foi declarada a 9 de Julho de 2011. No dia seguinte, a selecção jogou.

Foto
Organizar o futebol no Sudão do Sul significou começar do zero DR

Passou um ano e meio desde que, a 9 de Julho de 2011, o Sudão do Sul se tornou oficialmente independente do vizinho do Norte. No dia seguinte, a selecção nacional do jovem país disputou a sua primeira partida, frente ao bicampeão queniano Tusker FC. O encontro saldou-se por uma derrota (1-3), mas a festa fez-se na mesma. O golo sul-sudanês foi apontado por James Moga, avançado que representa o Pune FC da Liga indiana e já passou pelo Sporting Clube de Goa (e pelos campeonatos de Abu Dhabi, Omã e Bangladesh). Estava dado o primeiro passo da 54.ª selecção africana.

O Sudão do Sul foi admitido como Estado-membro da ONU no dia 14 de Julho de 2011. O reconhecimento pela Confederação Africana de Futebol (CAF) deu-se em Fevereiro de 2012. Em Maio do mesmo ano, foi a vez da FIFA. Em ambos os casos, demasiado tarde para participar nas qualificações para a Taça das Nações Africanas 2013 e para o Mundial 2014, que já se encontravam a decorrer.

Na mais recente actualização dos rankings, a selecção surgia no lugar 50 do continente africano, e na 198.ª posição a nível mundial. Organizar o futebol no Sudão do Sul significou começar do zero: a federação está instalada num espaço arrendado, contando com ajuda da FIFA para construir uma sede própria.

O historial de jogos do Sudão do Sul sob a égide da FIFA é conciso: quatro partidas. A equipa orientada por Zoran Djordjevic - veterano técnico sérvio que já foi seleccionador do Sudão - obteve um empate 2-2 num particular com o Uganda, que coincidiu com o primeiro aniversário da independência. O defesa Richard Justin foi o autor do primeiro golo oficial da selecção sul-sudanesa, obtido na marcação de uma grande penalidade. Seguiram-se três derrotas (contra Etiópia, Quénia e Uganda) na Taça do Conselho das Federações de Futebol do Leste e Centro Africano (CECAFA).

Mas nada é simples no mais jovem país do mundo: dias antes de a selecção entrar em prova na primeira competição internacional, o avançado Luis William Maker morreu de malária e febre tifóide. Mais uma contrariedade para Djordjevic, que se queixara de não poder reunir a melhor selecção sul-sudanesa devido à inacessibilidade a determinadas zonas do país.

A prestação do primeiro clube sul-sudanês a participar nas provas internacionais repetiu os resultados da selecção: o Wau Salaam, primeiro campeão nacional, foi à Taça Interclubes da CECAFA e regressou a casa com três derrotas em outros tantos encontros - e um saldo de 19 golos sofridos e apenas um marcado.

Ao El Nasir, vencedor da Taça do Sudão do Sul em 2012 (bateu na final o Al Merekh por 2-1), caberá a honra de ser o primeiro representante sul-sudanês na Taça das Confederações da CAF: vai defrontar o Azam FC, da Tanzânia, na ronda preliminar. A primeira mão disputa-se este mês, e a segunda partida está marcada para o início de Março. Realizar os dois jogos já será uma vitória.

Passo a passo, uma nação cumpre o seu caminho na comunidade internacional e o futebol oferece esperança a 10,6 milhões de sul-sudaneses.

* Planisférico é uma rubrica semanal sobre histórias e campeonatos de futebol periféricos

Sugerir correcção
Comentar