Suspeitas de suborno atingem Mundial de futebol do Qatar

A 11 dias do início do Campeonato do Mundo organizado pelo Brasil, a FIFA é abalada com suspeitas de corrupção em torno do Mundial 2022, entregue ao Qatar

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Bin Hammam (esq.) e Blatter (dir.) integraram a mesma direcção da FIFA até Hammam ter sido banido Reuters e AFP

Cinco milhões de dólares terão sido pagos, em subornos, por Mohamed Bin Hammam, presidente da Confederação Asiática de Futebol e membro executivo da FIFA; que regula o futebol mundial, para garantir que a organização do Mundial 2022 fosse entregue ao Qatar.

A notícia é avançada neste domingo pelo jornal britânico Sunday Times, que diz ter obtido registos de milhões de documentos – emails, cartas e certificados de pagamento/transferências bancárias – que alegadamente suportam a acusação feita contra Bin Hammam, que chegou a anunciar, em 2011, a sua candidatura à sucessão do suíço Joseph Blatter na presidência da FIFA, intenção abandonada depois de ter sido acusado por suborno no âmbito dessa candidatura. Aliás, a FIFA acabou por banir Bin Hammam de todos os organismos de futebol depois de investigar essas acusações.

Agora, diz o Sunday Times, os documentos obtidos mostram que Bin Hammam, de 65 anos, fez lobby em favor da candidatura do Qatar ao Mundial 2022, facto que sempre tinha sido negado pelo próprio. Diz o jornal, que deu a ver os documentos à estação de televisão BBC, que não só isso era verdade como também a campanha de lobbying começou pelo menos um ano antes da decisão da FIFA, anunciada a 2 de Dezembro de 2010. Estados Unidos, Austrália, Coreia do Sul e Japão foram os outros países candidatos a essa organização, mas acabaram derrotados.

Além disso, haverá ainda provas de pagamentos feitos por Hammam a responsáveis africanos para supostamente comprar o apoio à candidatura do Qatar. A estratégia passaria por garantir os votos de quatro representantes do continente africano com direito a voto na matéria. Questionado pelo Sunday Times, um filho de Hammam recusou-se a fazer comentários, diz a BBC.

No mesmo trabalho de investigação publicado neste domingo, o jornal alega ter provas de que Bin Hammam pagou cerca de 300 mil euros em despesas feitas por um outro membro do comité executivo da FIFA, representante da Oceania, Reynald Temarii, do Tahiti. Este não pôde votar na altura, por se encontrar suspenso. Temarii tinha sido afastado pela própria FIFA por alegadamente ter solicitado dinheiro em troca do seu voto a responsáveis da candidatura dos EUA ao Mundial 2022.

As despesas legais decorrentes desse processo que levou à suspensão de Temarii terão sido suportadas por Hammam, refere o Sunday Times. O recurso apresentado por Temarii não lhe permitiu votar a favor do Qatar mas teve, pelo menos, o efeito de travar a entrada do substituto David Chung, que teria votado na candidatura rival da Austrália, afirma o mesmo jornal britânico.

Outro caso nebuloso sobre o qual emergem agora supostas provas mais consistentes dizem respeito à ligação de Hammam a um ex-vice-presidente da FIFA, Jack Warner, da federação de Trinidad e Tobago e responsável da conferedação das Caraíbas. Diz o jornal que tem provas de que Hammam transferiu para Warner mais de 1,6 milhões de dólares para Warner, que acabou de resto afastado do cargo por se ter provado que ajudou Hammam a subornar outros responsáveis caribenhos na tentativa de de se fazer eleger para a presidência da FIFA.

As suspeitas em torno da entrega do Mundial 2022 ao Qatar não são novas, havendo há muito uma investigação em curso. Aliás, na próxima segunda seria suposto o responsável do inquérito, Michael Garcia, encontrar-se em Omã com o comité organizador do Qatar, reunião que que poderá ter influenciado o momento da publicação destas informações.

A pressão para que se reveja a atribuição daquele campeonato ao Qatar também pode aumentar, face às informações vindas agora a público.

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