Sporting: demasiados danos em ínfimos minutos

Os "leões" já perderam cinco pontos no campeonato e oito no total das provas, em apenas 35 minutos.

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Um quarto de hora bastou para o Sporting deixar fugir uma vantagem de três golos frente ao Vitória Miguel Riopa/AFP

As contas do passado recente do Sporting são tudo menos animadoras para Jorge Jesus: nas últimas cinco partidas, os "leões" sofreram 10 golos e inflacionaram de forma pouco usual as suas preocupações defensivas. Mas não é apenas o total que surpreende, é a dificuldade que a equipa tem mostrado para reagir à adversidade. O capítulo mais recente do estremecimento "verde e branco" aconteceu em Guimarães e foi o quarto desde o dia 14 de Setembro, elevando para cinco os pontos perdidos na Liga (e para oito considerando a Liga dos Campeões, num período de apenas 35 minutos). 

Quando Marega, aos 75', assinou o segundo golo do Vitória, no Estádio D. Afonso Henriques, reduzindo para 2-3 a desvantagem dos minhotos no encontro da 7.ª jornada da Liga, Jorge Jesus esboçou, no banco, uma expressão de desalento. A expressão de quem já tinha visto aquele filme antes. Afinal, o treinador do Sporting vinha de um ciclo de golos sofridos só interrompido, no jogo anterior, pelo triunfo sobre o Legia Varsóvia para a Liga dos Campeões.

A meio do mês passado, o Sporting teve na mão uma vitória histórica sobre o Real Madrid, no Santiago Bernabéu, mas acabou por ver os três pontos eclipsarem-se em apenas cinco minutos: Cristiano Ronaldo marcou de livre ao 88' e Morata, já no tempo de compensação, operou a reviravolta no marcador (2-1). Um revés que acabou por ser amparado pela grande exibição da equipa e, acima de tudo, pelo estatuto do adversário.

Mas o caso agravou-se na partida seguinte. Frente ao Rio Ave, em Vila do Conde, o Sporting sofreu a primeira (e única até à data) derrota no campeonato muito por força de um período de desnorte absoluto. Em apenas 15 minutos, e ainda na primeira parte, Rui Patrício encaixou três golos, todos de bola corrida, ganhando contornos mais nítidos a incapacidade de a equipa se reencontrar quando atingida por um primeiro golpe.

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Tal como em Guimarães, o Sporting encaixou três golos em 15 minutos frente ao Rio Ave Miguel Riopa/AFP

A jornada seguinte, com a recepção ao Estoril, era uma boa oportunidade para repor a normalidade de um Sporting que com Jorge Jesus apresentou a defesa menos batida da Liga 2015-16. E tudo parecia sob controlo quando os anfitriões venciam tranquilamente por 3-0, mas em oito minutos os visitantes marcaram em duplicado (85' e 90+3'), com mais um golo dos "leões" pelo meio.

No final desse encontro, o técnico "leonino" lamentou o adormecimento final, mas aparentemente o alerta não produziu frutos, como o V. Guimarães acabou por comprovar. Em 15 minutos, os minhotos renasceram das cinzas e transformaram o que parecia uma derrota pesada num surpreendente empate (3-3).

Deste leque de 10 golos sofridos nos cinco últimos encontros, quatro surgiram na sequência de lances de bola parada para todos os gostos (um livre directo, um pontapé de canto, um penálti e um livre indirecto), sendo que as faixas laterais parecem ser o elo mais fraco do sector defensivo. De resto, Jorge Jesus tem feito uma aposta firme no eixo da defesa (Ruben Semedo e Sebastián Coates são totalistas) e alternado com frequência nas alas (à direita, seis jogos para João Pereira e três para Schelotto, à esquerda Jefferson, Bruno César e Zeegellar acumulam três cada um).

Por esta altura, na época passada, o Sporting versão Jesus contabilizava cinco golos sofridos na Liga, contra os nove actuais. Para encontrar pior registo é necessário recuar até aos 10 de 2003-04, época que os "leões" terminaram na terceira posição. E para encontrar um volte-face como o ocorrido em Guimarães é necessário olhar para a Taça da Liga: a 21 de Janeiro de 2015, com Marco Silva ao leme e uma equipa de segundas linhas em campo, os "verde e brancos" foram surpreendidos pelo Belenenses em 23 minutos (derrota por 3-2) depois de estarem a ganhar por 2-0.

Acontece que aquilo que no passado recente foram fogachos sem sequência, agora parece transformado numa tendência improvável: "É preocupante quando não ganhas e sofres três golos", reconheceu Jesus, no final da partida em Guimarães. "Levámos três golos sem sabermos como".

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