E vão três para Jesus

Pela terceira vez esta época o Sporting venceu o Benfica no derby. Desta vez, foi em Alvalade para a Taça de Portugal numa partida emotiva e com polémica.

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O jogo entre o Sporting e o Benfica foi muito disputado PATRICIA DE MELO MOREIRA/AFP

Não há volta a dar, Jorge Jesus é o mestre do derby lisboeta, seja em campo neutro, na Luz ou em Alvalade. Voltou neste sábado a bater o Benfica, pela terceira vez esta época, desta vez em casa, eliminando o adversário da Taça de Portugal. Tal como no jogo para a Supertaça (1-0) e para a Liga, na Luz (3-0), o Sporting foi francamente superior e mereceu o triunfo que só haveria de ser confirmado no prolongamento. Os “encarnados” foram os primeiros a marcar e prometeram apenas nos instantes iniciais, mas deixaram-se depois ser dominados e cederam o empate no final do primeiro tempo. O 1-1 aos 90’ castigava os “leões” que emendaram a sua sorte no tempo extra e estão nos oitavos-de-final da prova.

Para encontrar três vitórias consecutivas na mesma época do Sporting no mais quente derby português é preciso recuar 62 temporadas no tempo. Foi em 1953-54, quando os “leões” escreveram o mais glorioso capítulo desportivo da sua história, conquistando o tetracampeonato. Um feito inédito e que só haveria de ser alcançado (e superado) em Portugal pelo FC Porto já nos anos de 1990. Desta vez, o feito ainda só valeu uma Supertaça, mas o conjunto de Alvalade está bem lançado nas restantes competições nacionais.

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Um derby entre Sporting e Benfica é sempre sinónimo de emoção e não faltou nenhum ingrediente a mais este clássico. Houve grande intensidade, golos e polémica. E tudo começou logo após o apito inicial, com dois lances que serviram de mote para uma partida ligada à corrente eléctrica que levou ao rubro os mais de 41 mil adeptos no Estádio José Alvalade. Depois de uma bola de Slimani ao poste, aos 5’, um contra-ataque do Benfica apanhou descompensada a defesa da casa e deu a Mitroglou a oportunidade de marcar o primeiro golo da noite.

Na véspera da partida, Jesus tinha garantido que não acreditava poder ser surpreendido por Rui Vitória, mas foi. É que o técnico adversário tirou da cartola algumas surpresas para esta partida. Deixou Jonas no banco e chamou à equipa titular Pizzi para ocupar uma das faixas. Mas mais inesperado seria o posicionamento de Nico Gaitán no terreno, puxando o argentino da ala para fazer companhia a Mitroglou no centro do ataque.

Primeiro, o “leão” estranhou — e isso ficou evidente, quando Jesus aproveitou uma paragem do jogo, à passagem do primeiro quarto-de-hora, para fazer uma mini palestra a seis jogadores seus —, mas depois digeriu e adaptou-se.

É certo que o Sporting abanou com o primeiro golo, mas foi passageiro. A equipa rapidamente assumiu a partida e empurrou o Benfica para o seu meio campo, apesar de nem sempre ter demonstrado grande critério atacante, nomeadamente ao nível do último passe.

Os “encarnados” pareciam mais preocupados em defender a curta vantagem do que em procurar soluções para contrariar o domínio sportinguista. A nível atacante, a equipa de Rui Vitória foi uma nulidade depois do golo e só voltou a rematar à baliza de Rui Patrício aos 68’ do segundo tempo.

Mas nessa altura a partida já estava empatada há muito tempo. O golo da igualdade surgiu mesmo nos descontos da primeira metade, quando Adrien Silva bateu Júlio César pela primeira vez, depois de um lance de insistência de Slimani e em que Júlio César se precipitou ao sair da baliza. Um golo que galvanizou o conjunto de Jorge Jesus para o segundo tempo. O técnico sportinguista aproveitou o intervalo para equilibrar mais a sua equipa no meio campo, com a entrada de Gelson Martins (para o lugar de Montero, a novidade dos “leões” na equipa titular), desviando João Mário para zonas interiores.

O Sporting melhorou e sufocou em largos momentos da segunda metade o Benfica. Quando parou para respirar um pouco e com a entrada de André Almeida (saiu Pizzi) para reforçar a zona intermediária dos visitantes, o jogo ficou ligeiramente equilibrado, mas por pouco tempo. A ponta final do tempo regulamentar foi um festival de oportunidades perdidas pelo conjunto de Jorge Jesus que fez tudo para evitar o prolongamento, valendo Júlio César, a falta de pontaria dos atacantes da casa e alguma infelicidade.

O tempo extra foi inevitável e, já com muitos jogadores em grande desgaste físico, o golo da vitória “leonina” iria surgir mesmo, aos 112’. Na recarga a um remate forte de Adrien defendido para a frente por Júlio César, Slimani marcou pela quarta vez um golo ao Benfica, o primeiro em Alvalade.

Foi o delírio no estádio, mas o encontro não terminaria sem polémica. No último suspiro do derby (e quando Samaris já tinha sido expulso por protestos), Luisão viu as suas pernas serem presas na área sportinguista por João Pereira quando se preparava para atacar a bola (o benfiquista fracturou um braço na sequência do lance). O árbitro Jorge Sousa nada assinalou e o resultado foi mesmo o triunfo do Sporting.

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