Sara Moreira a crescer na maratona com os Jogos em perspectiva

Em Praga, a atleta do Sporting obteve a terceira melhor marca portuguesa de sempre na distância.

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Don Emmert

Sara Moreira continuou no domingo, em Praga, o seu ainda muito curto trajecto na maratona com mais um grande resultado. Depois de se ter estreado no fim do ano passado no difícil percurso de Nova Iorque, com um surpreendente terceiro lugar no tempo de 2h26m00s, a sportinguista veio agora a obter a segunda posição na capital checa e melhorou substancialmente o seu recorde pessoal, passando-o para 2h24m49s, o que a coloca como terceira melhor portuguesa de sempre na distância.

A participação na prova checa não foi, no entanto, pacífica para a atleta de Roriz, Santo Tirso. Sara Moreira estava escalada para correr a maratona de Londres, que se disputou apenas uma semana antes, mas uma lesão obrigou-a a rever o seu percurso, tentando encontrar no último momento uma outra competição em que pudesse capitalizar a preparação efectuada com vista à corrida britânica. E foi bem sucedida.

Num dia com condições ideais para a maratona, num percurso plano que tem valido boas credenciais a Praga, Sara esteve sempre entre as primeiras da competição, o que, de resto, já havia feito em Nova Iorque. Quem começou ao ataque foi a queniana Janet Rono, passando logo aos 10km isolada em 33m45s, contra 34m08s de Sara Moreira, e com o lote das melhores etíopes outros 16 segundos atrás da portuguesa. Esta atravessou a meia-maratona no tempo promissor de 1h12m15s, ainda atrás de Rono (1h11m43s), mas, mais adiante, as etíopes alcançaram a portuguesa e própria queniana, que começou a ceder logo depois.

Sara acompanhou as leste-africanas até aos 35km, mas, na légua imediata, Yebrgual Melese conseguiu fugir, tendo aos 40km (2h16m31s) 38 segundos de vantagem sobre a sportinguista para na meta a diferença ser de um minuto exacto — 2h23m49s contra 2h24m49s.

Sara Moreira, que foi mãe há pouco mais de um ano e em Outubro cumprirá 30 anos, fez uma prova muito equilibrada, com a segunda metade (1h12m34s) um pouco mais lenta que a primeira, mas sobretudo com todas as léguas entre 17m03s e 17m13s, à excepção da segunda, até aos 10km, quando gastou 16m57s. E beneficiou da companhia do marido, Pedro Ribeiro, até depois da meia-maratona.

Com o resultado de domingo, Sara Moreira passa a ser a terceira portuguesa de sempre na distância, depois de Rosa Mota (2h23m29s) e de Jéssica Augusto (2h24m25s, marca obtida no ano passado, em Londres). A hipótese de bater o recorde de Rosa Mota ainda não se concretizou desta vez e a marca da “Menina da Foz”, estabelecida em Chicago, a 20 de Outubro de 1985, continua a valer o recorde nacional mais velho de entre todas as disciplinas do atletismo.

Os tempos mudaram muito, no entanto. Na temporada em que realizou esse resultado, Rosa Mota foi a terceira melhor maratonista de um ano em que foi batido pela norueguesa Ingrid Kristiansen o recorde mundial, com 2h21m06s. Nesta época uma marca como a de Sara Moreira deverá dar-lhe algo próximo do 30.º posto anual no mundo e entretanto o recorde mundial “voou” para paragens incríveis, com a marca de 2h15m25s, obtida pela inglesa Paula Radcliffe, em 2003.

Porém, sendo tempos diferentes, os de agora também se mostram muito interessantes, com a assunção por Sara Moreira, na sequência deste resultado, de que será a maratona, em definitivo, a prova para qual irá preparar os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Ainda falta muito para o evento, mas com Sara a afirmar-se, Jéssica Augusto certa nessa distância, retomando a preparação assim que concluir a actual gravidez, e com Ana Dulce Félix em retoma, como mostrou recentemente em Londres, Portugal poderá ter um trio muito competitivo na próxima maratona olímpica. Como nos velhos tempos.

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