Tinha de haver um dia em que os benfiquistas agradeciam a Roberto

Benfica evitou derrota frente ao Olympiacos com golo nos últimos minutos, com culpas para o guarda-redes espanhol. “Encarnados” interrompem série de sete jogos seguidos a ganhar em casa em provas europeias

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Benfica e Olympiacos empataram a um golo AFP

Numa noite de dilúvio em Lisboa, o Benfica empatou (1-1) em casa com o Olympiacos, em partida da terceira jornada do Grupo C da Liga dos Campeões.

A equipa de Jorge Jesus foi para o intervalo em desvantagem no marcador, mas restabeleceu a igualdade já na recta final do segundo tempo, na sequência de um erro do guarda-redes da equipa grega — o espanhol Roberto, que representou os “encarnados” em 2010-11 e costumava semear o pânico nas bancadas.

A abordagem dos “encarnados” à primeira parte não teve intensidade e os gregos aproveitaram para assumir a liderança do marcador. Pela primeira vez em três visitas a Lisboa, o Olympiacos fez um golo. No segundo tempo, o encontro foi condicionado pelas condições do relvado, muito encharcado. Mas, aos 83’, Cardozo aproveitou um erro defensivo para fazer o 1-1 e manter vivas as esperanças do Benfica na passagem aos oitavos-de-final da Champions.

No que diz respeito à Liga dos Campeões, Jorge Jesus tem defendido a teoria de que o primeiro lugar no Grupo C está entregue ao Paris Saint-Germain, restando aos “encarnados” lutar pela segunda posição. Nessa luta, o técnico “encarnado” identificou como rival o Olympiacos. E as duas equipas encontraram-se na Luz em igualdade de circunstâncias: ambas tinham perdido com o PSG e ambas tinham ganho ao Anderlecht.

Mas o discurso do treinador não teve correspondência na atitude da equipa, pelo menos durante a primeira parte. As (tímidas) iniciativas atacantes do Benfica esbarraram naquele que já foi o mal-amado Roberto. O espanhol — que ouviu assobios das bancadas da Luz de cada vez que tocou na bola — conseguiu ser regular (com o que isso quer dizer quando nos referimos a Roberto) durante a maior do tempo. E essa regularidade também incluiu um falhanço incrível, uma daquelas intervenções que nas conversas de café são designadas por “robertadas”, que resultou no golo do empate do Benfica.

Na primeira parte faltou intensidade, velocidade e autoridade ao Benfica, que jogava em casa. O controlo dos acontecimentos foi dividido, ainda que com ascendente para os “encarnados”, que no entanto foram presas fáceis das boas combinações e rápidos contra-ataques do Olympiacos.

Jorge Jesus deu a titularidade a Ola John, apesar das exibições pouco conseguidas do holandês nos encontros com Estoril-Praia e Cinfães. No ataque, o técnico “encarnado” fez alinhar a dupla Lima-Cardozo. Foi precisamente o paraguaio o autor do primeiro lance de perigo: na marcação de um livre, rematou forte, mas Roberto foi ao solo desviar para canto, com uma grande defesa. Foi um bom início de noite para o espanhol, no regresso à Luz. O guardião continuou a dar boa imagem ao resolver dois lances com Lima, que no entanto seriam invalidados por fora-de-jogo.

No extremo contrário do relvado, a defesa do Benfica nunca conseguiu encontrar solução para a mobilidade e as combinações de Mitroglou, “Chori” Domínguez, Fuster e Weiss. Principal referência atacante do Olympiacos, Mitroglou começou desde cedo a mostrar credenciais: atirou ao lado (aos 6’ e 9’) e viu Artur desviar um remate rasteiro seu aos 24’. O goleador grego — já fez quatro hat-tricks na presente temporada, um deles na Champions — foi decisivo na jogada do golo do Olympiacos. Com um toque de calcanhar, deixou “Chori” Domínguez em excelente posição, que inaugurou o marcador.

Foi com uma monumental assobiadela que os adeptos benfiquistas se despediram da equipa no final da primeira parte e a atitude mudou no segundo tempo. Só que as condições meteorológicas não ajudaram a equipa. A segunda parte foi muito condicionada pelo péssimo estado do relvado, cheio de poças de água que prendiam a bola. Até porque a metade do campo na qual o Benfica atacava estava claramente em pior estado. Daí que a aposta em Ivan Cavaleiro não tenha dado o resultado que o técnico pretendia.

Jogava-se o futebol possível, num relvado alagado. Empurrado pelas bancadas, o Benfica tentava fazer tudo rapidamente, mas o melhor que se viu foi um livre de Lima, com a bola a passar muito perto do poste da baliza grega (50’).

As condições de jogo não beneficiaram nenhuma das equipas. O Olympiacos esteve perto do segundo golo, aos 58’, mas em plena área “encarnada” a bola ficou presa na água, traindo Mitroglou. Logo a seguir, na área oposta, aconteceu um lance idêntico ao Benfica. Por menos já tem havido jogos adiados.

Mas o Benfica nunca deixou de acreditar. Uma derrota praticamente significaria o fim das aspirações “encarnadas” a seguir na Liga dos Campeões e a equipa procurou sempre salvar o resultado. O céu mostrou-se clemente ao interromper a chuva, o relvado secou e voltou a ser possível jogar minimamente. A partida entrou na recta final e o Benfica, no derradeiro esforço, empurrou o Olympiacos para a área.

E, então, Roberto recordou aos adeptos “encarnados” da razão por que não sentem saudades dele. O Benfica teve um canto no lado direito, a bola foi cair na zona do guarda-redes — que falhou a intercepção. Luisão tocou para Cardozo, que atirou para o fundo da baliza. Foi tão salvador o paraguaio como o espanhol.

Notícia corrigida às 20h34 de 24/10/2013

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