Roberto foi o herói do Olympiacos e o carrasco do Benfica

Derrota em Atenas por 1-0 compromete aspirações "encarnadas" de apuramento para os oitavos-de-final da Liga dos Campeões.

Manolas marcou o único golo do jogo
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Manolas marcou o único golo do jogo LOUISA GOULIAMAKI/AFP
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Roberto, o herói do jogo, abraçado por Maniatis John Kolesidis/Reuters

Segundo jogo de Roberto Jiménez Gago com a camisola do Benfica, a 11 de Julho de 2010, um jogo de pré-época contra os suíços do Sion. Minuto 4, a bola lançada em profundidade, Roberto sai da baliza, a bola bate à sua frente, passa-lhe por cima e Mpenza faz o 1-0. Erro de principiante? Só podiam ser os nervos e o peso de ter custado 8,5 milhões, um preço não muito habitual para um guarda-redes. A época avançou, os erros sucederam-se e os adeptos do Benfica nunca viram no espanhol aquilo que Jorge Jesus teria visto nele. Saiu no final desse ano pela porta mais pequena que lhe deixaram aberta. Nesta terça-feira, o espanhol voltou a ser o pior pesadelo dos benfiquistas. Não pelos erros cometidos, mas exactamente pelo contrário.

Foi por Roberto que o Benfica saiu derrotado de Atenas. Foi o espanhol que segurou tudo, que parou todos os remates, que fechou a baliza do Olympiacos a tudo o que lhe atiraram. Do outro lado, entrou um golo e bastou. Os “encarnados” perderam por 1-0 e comprometeram as suas hipóteses de chegar aos oitavos-de-final da Liga dos Campeões, somando a segunda derrota em quatro jornadas do Grupo C, e descendo para o terceiro lugar, atrás do quase inalcançável PSG e dos gregos. A derrota desta terça-feira não decidiu nada, mas complica muito.

Há duas semanas, quando Roberto entrara na Luz como guarda-redes do Olympiacos, fora ele a dar uma alegria ao Benfica, transformando a vitória iminente da sua equipa num empate. O espanhol saiu-se mal a um cruzamento, Cardozo fez o resto. O Benfica talvez contasse com o nervosismo do seu antigo guarda-redes como uma arma ofensiva para esta viagem a Atenas, cidade de má memória para os benfiquistas (uma vitória e três derrotas nos quatro jogos anteriores na capital grega). Mas o Benfica até estava em retoma, tinha consciência do seu valor e fez tudo, desde o primeiro minuto, para sair vitorioso.

Algumas alterações no plano habitual das “águias”. Sílvio foi a escolha para o lado esquerdo da defesa, Ruben Amorim foi reforçar o poder de choque do meio-campo e Markovic entrou para dar mobilidade e imprevisibilidade ao ataque. Foi futebol de ataque do princípio ao fim, com uma falha defensiva pelo meio e uma parede humana no sítio onde entram os golos. Até o marcador funcionar a favor dos homens da casa, já Roberto tinha defendido um remate de Cardozo (6’) e um de Markovic (10’).

Depois, o erro. Aos 13’, canto marcado por Holebas e Manolas, vindo de trás, elevou-se e cabeceou sem qualquer marcação para o 1-0. Tal como acontecera na Luz, duas semanas antes, o Olympiacos entrava na frente e teria de suportar a reacção benfiquista, desta vez sem a chuva a atrapalhar os movimentos. As oportunidades do Benfica sucederam-se sem que nada entrasse. Luisão cabeceia por cima (27’), Markovic domina mal a bola na área após grande passe de Amorim (36’), Matic falha o remate na pequena área (42’). Nem tudo era “culpa” de Roberto.

Segunda parte: mais Benfica e mais Roberto. Markovic, Sílvio e Enzo tiveram o golo nos pés, mas a bola foi sempre desviada do alvo por alguma parte do corpo do guarda-redes espanhol. O Benfica sofreu uma enorme contrariedade, com a saída de Cardozo aos 70’ por lesão (é uma incógnita se vai estar apto, no próximo sábado, para o jogo da Taça frente ao Sporting). Roberto continuou a brilhar e Djuricic também viu de perto o espanhol salvar mais um golo feito.

Mais do que Manolas, o defesa que marcou o golo, o herói foi Roberto Jiménez Gago, o guarda-redes das transferências rocambolescas — do Benfica para o Saragoça, de volta ao Atlético de Madrid e, de imediato para o Olympiacos, por empréstimo, não se sabe bem de quem. Sim, foi por este guarda-redes que Jorge Jesus se “apaixonou”, e o próprio treinador do Benfica não deixou de o dizer no final do jogo, dando por vingadas as convicções que tinha quando todos lhe diziam que estava errado.

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