O Benfica abrandou demasiado cedo e saiu de Vila do Conde sem nada

Vilacondenses vencem por 2-1 com golo em tempo de compensação. Vantagem "encarnada" sobre o FC Porto ficou nos três pontos.

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Lima ficou em branco frente ao Rio Ave Reuters

Use-se a metáfora do ciclismo ou da maratona, os dois que vão na frente sofreram quedas. De dimensão diferente, é certo, mas caíram os dois. Há um que continua em primeiro, mas é um primeiro menos seguro, e há outro que é um segundo um pouco mais moralizado, mas menos do que podia. O Benfica saiu de Vila do Conde com a sua vantagem ameaçada, derrotado pelo Rio Ave por 2-1, e viu, poucas horas depois, o FC Porto desaproveitar na totalidade o desaire “encarnado”, ao empatar na Choupana com o Nacional. Três pontos separam agora o primeiro do segundo, quando ainda há muitos quilómetros para pedalar ou para correr (leia-se, oito jornadas), sendo que daqui a pouco mais de um mês haverá um “clássico” na Luz.

O Benfica que esteve neste sábado no estádio dos Arcos quis ser pragmático e deu-se mal. Quis segurar uma vantagem mínima demasiado cedo e nem o empate conseguiu. Pelo contrário, o Rio Ave, que as circunstâncias do jogo pareciam conduzir ao descalabro, foi brilhante na forma como resistiu e superou as suas dificuldades, como encontrou forças depois de sofrer um golo cedo e de perder, ainda na primeira parte, dois dos seus melhores jogadores. Jorge Jesus disse no final que o jogo tinha mudado aos 75 minutos, mas não foi assim. Começou a mudar muito antes.

Sim, o Benfica entrou bem, dominador, agressivo, disposto a resolver cedo. Minuto 5, Pizzi recolhe a bola no meio-campo faz um passe longo na direcção de Salvio. A defesa vila-condense não acompanha a desmarcação do argentino, que, isolado frente ao guarda-redes Ederson, não falhou. Os “encarnados” começavam da melhor maneira e o Rio Ave não conseguia dar resposta à altura. Ainda antes do intervalo, Pedro Martins ficou sem a referência da defesa, Marcelo, e a referência do ataque, Hassan, por lesão. Prince e Ukra foram chamados de emergência ao jogo quase ao mesmo tempo, mas não foram estas as alterações que mudaram a tendência do encontro.

O que mudou foi a subida ao relvado de um jovem brasileiro com passado benfiquista, mas que teve de ir à procura de um futuro mais a norte. Diego Lopes, que passou quatro épocas no Seixal, entrou no jogo aos 59’, como último recurso do treinador do Rio Ave, e o Benfica não soube lidar com este criativo brasileiro. Aos 63’, Ederson lança uma bola longa que vai ter aos pés de Diego. Sem pressão dos defesas “encarnados”, o brasileiro domina, remata e a bola vai ao poste.

Nesta altura, o jogo já estava a virar, mas a vantagem ainda era do Benfica. Aos 72’, um livre a favor do Rio Ave conduz a um penálti a favor dos vila-condenses por mão na bola de Samaris, na área. Chamado a converter, Ukra não falhou. Jesus lançou quase de imediato Ola John para o lugar de Talisca (que regressou ao “onze” titular sem grande brilho), mas o Rio Ave não se desconcentrou. O Benfica não atacou com critério, o Rio Ave defendeu bem e contra-atacou ainda melhor.

Aos 83’, o Benfica esteve mais perto do que nunca de voltar à vantagem, com Lima a desperdiçar um cruzamento perfeito de Ola John. Mas, dois minutos depois, os “encarnados”, que tantas vezes jogaram este ano em superioridade numérica, viram-se em campo com menos um e não souberam o que fazer. Num lance de contra-ataque, Tiago Pinto arranca em direcção à baliza e é travado por Luisão. O árbitro Marco Ferreira mostra o cartão vermelho ao central brasileiro e o Benfica fica sem o seu capitão, homem decisivo na defesa e no ataque. E fez falta, como o resto do jogo viria a provar.

A equipa de Pedro Martins levou a atitude guerreira até ao limite das forças e do tempo de jogo. Já na compensação, Diego Lopes desmarca Del Valle, o venezuelano brinca com a bola na área e remata sem qualquer hipótese para Júlio César, impondo ao Benfica a sua terceira derrota no campeonato e, tal como nos jogos com Sp. Braga e Paços de Ferreira, sofrida nos últimos minutos.

Não houve tempo para reagir, e os “encarnados”, que quiseram ficar com tudo demasiado cedo, ficaram sem nada. Ainda assim, o empate portista na Madeira retirou algum significado à derrota, mas o Benfica já não é a única equipa a depender de si própria para ser campeã.

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