Para o Marítimo é uma raridade, para o Benfica já é rotina

Os dois clubes, com currículos distintos, disputam o troféu. Jesus comparou a sua influência no clube "encarnado" à de Otto Glória.

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O Benfica goleou nos dois duelos com o Marítimo nesta época Patrícia de Melo Moreira/AFP

O que para um poderá significar o fim de uma “travessia no deserto” para outro é quase o cumprimento de uma tradição. O Marítimo tem nesta sexta-feira, em Coimbra, a oportunidade de conquistar o segundo título de âmbito nacional do seu historial, 89 anos depois do primeiro. O Benfica entra em campo para aquele que tem sido praticamente uma rotina anual. As duas equipas que se vão defrontar na final da Taça da Liga 2014-15 nunca se encontraram num jogo em que estivesse em causa um troféu.

O Marítimo é o primeiro a admitir que o Benfica é o mais forte. O currículo deste fala por si, especialmente na Taça da Liga, competição em que tem exercido um grande domínio desde a primeira edição da prova, em 2007. Ganhou cinco (2008-09, 2009-10, 2010-11, 2011-2012 e 2013-14) das sete edições terminadas e sofreu apenas uma derrota em 36 jogos. Nas outras duas épocas, foi eliminado pelos clubes que viriam a ganhar a prova (o Vitória de Setúbal derrotou-o nos quartos-de-final de 2007-08 e o Sporting de Braga afastou-o no desempate por penáltis nas meias-finais de 2012-13).

O clube insular, que se tornou o nono finalista diferente da Taça da Liga, conquistou o seu único grande título em 1926, quando derrotou o Belenenses na final do Campeonato de Portugal, prova vista como antepassada da Taça de Portugal. Depois disso, esteve em duas finais da Taça de Portugal, em 1994-95 e 2000-01, frente a Sporting e FC Porto, mas ambas foram perdidas. Contudo, a falta de experiência não abala a fé de Ivo Vieira, treinador madeirense que entrou já com a época a decorrer para substituir Leonel Pontes. “Procuramos que seja um acto histórico, sabendo de antemão que irá ser uma tarefa árdua”.

Para o Benfica, que quer juntar a Taça da Liga ao campeonato e à Supertaça já conquistados nesta temporada, esta vai ser a sexta final na prova. A taxa de sucesso do clube nas cinco anteriores é de 100%. E Jorge Jesus diz que não vai mudar nada no estilo da equipa. “É uma satisfação estar uma vez mais na final. É um jogo diferente, porque uma final não é a mesma coisa que um jogo do campeonato. Estamos preparados para jogar dentro daquilo que tem sido habitual, respeitando sempre o adversário. Quero saudar o Marítimo por ter chegado à final. Para nós já é habitual”, afirmou Jesus, que pode ganhar este troféu pela quinta vez e só confirmou que este vai ser o seu último jogo pelo Benfica. em 2014-15.

Jesus e Otto Glória
Os “verde-rubros” vão ser o sexto adversário diferente do Benfica na final. Os dois jogos entre as duas equipas nesta época foram claramente favoráveis aos lisboetas (0-4 e 4-1) e talvez por isso Ivo Vieira fale em “riscos moderados”. “Não é novidade para ninguém o que conseguiram fazer nestes últimos dois anos. Já estão habituados a este tipo de palcos. Nós chegamos aqui depois de uma travessia no deserto em que tivemos uma final da Taça de Portugal há 14 anos”.

A qualidade do Benfica nas duas últimas épocas é comprovada pela série de títulos domésticos consecutivos que poderá ser esticada até seis: depois da vitória na Liga da temporada passada, conquistou a Taça da Liga, a Taça de Portugal, a Supertaça e novamente o campeonato.

Este ciclo foi determinante para Jorge Jesus se aproximar de um marco relevante: se o Benfica confirmar o favoritismo, torna-se, de forma isolada, o treinador com mais títulos pelas “águias”, superando os nove de Otto Glória (quatro campeonatos e cinco Taças de Portugal). Nesse sentido, quando questionado sobre essa possibilidade, o técnico considerou que tem um lugar na história do clube. “Eu e o Ivo Vieira somos mais da estatística dos jogos, mas isso é um facto. Mencionou um grande treinador que passou pelo Benfica [Otto Glória] que na minha opinião mudou o paradigma do futebol do Benfica e eu se calhar nestes seis anos também fiz a mesma coisa”.

Tecnologia
Além da atribuição de um título, o jogo também será notável pela introdução da tecnologia de linha de golo, tornada possível pela colocação de sete câmaras no topo do Estádio Cidade de Coimbra, que ajudarão o árbitro Carlos Xistra a decidir no caso de haver um lance que suscite dúvidas se a bola entrou.

Os dois treinadores defenderam a medida “Se é para ajudar, é bem-vinda”, considerou o técnico do Marítimo. Uma opinião igual à de Carlos Xistra (“uma mais-valia em situações duvidosas”), que contudo admitiu preferir os árbitros de baliza. “Devidamente concentrados e posicionados, dificilmente tomam uma decisão errada”, disse.

O sistema já foi testado na derradeira jornada da Liga, no jogo entre a Académica e o Vitória de Guimarães, e deverá continuar a ser usado no estádio conimbricense na próxima época.

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