Que futebol em Setembro?

1. No mês de Agosto, caro leitor, estarei ausente deste espaço. Naturalmente que o mundo irá avançando (?) e, no que respeita ao futebol nacional, diria a todo o vapor.

As linhas que se seguem, meras divagações estivais, são escritas antes da realização da Assembleia Geral da Federação Portuguesa de Futebol que tem por objecto a ratificação (ou não) dos Regulamentos de Disciplina e de Arbitragem da Liga Portuguesa de Futebol Profissional.

2. Assim, hoje, sexta-feira, dia 24 de Julho de 2015, o que temos sobre a mesa?

A dominar todo o palco, assim vejo, uma vontade férrea de três clubes serem campeões nacionais de futebol, ou seja ganhar a I Liga na época 2015-16.

Este panorama vai gerar, estou quase certo do que afirmo, uma época desportiva muito conflituosa e que se inicia não no dia da final da Supertaça de futebol, mas que já começou.

3. Com efeito, a apresentação de dois candidatos à presidência da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, nitidamente alicerçados em dois blocos, foi o pontapé de saída, uma espécie de pré-eliminatória da competição da I Liga.

Independentemente do resultado do acto eleitoral, a ter lugar na próxima terça-feira, os dados estão lançados e vão no mesmo sentido do ambiente que envolverá toda a época.

4. Por outro lado, as sociedades desportivas que integram a Liga aprovaram, por unanimidade, um novo registo estatutário.

Nele ganha espaço a direcção da Liga Portugal, reivindicação de muitos clubes – no dizer do presidente da FC Porto SAD era preciso afastar os “advogados” e devolver os destinos da Liga aos “homens do futebol”.

Este órgão é composto por 10 membros ao total arrepio de norma imperativa que determina o número ímpar. Mero pormenor. Mas avancemos.

5. A direcção é composta pelo presidente da Liga, um representante da direcção da FPF e 8 representantes de sociedades desportivas: cinco vogais em representação das Sociedades Desportivas da I Liga e três vogais em representação das Sociedades Desportivas da II Liga.

Como se apuram os 5 vogais da I Liga?

Três são aquelas que ficarem classificadas nos três primeiros lugares, obtidos pela média das últimas quatro épocas desportivas anteriores à data em que se realiza a eleição para os órgãos da Liga e as outras duas serão cooptadas por aquelas.

Ou seja, Benfica, FC Porto e Sporting.

E depois estas três acordam (?) a nomeação de outras duas. Prevêem-se reuniões pacíficas.

6. Contactei ao longo de um já significativo número de anos – desde 1993 –, nuns casos mais de perto, noutros nem tanto, com as experiências das Ligas (futebol, basquetebol e andebol). Em todas elas o discurso recorrente, principalmente dos dirigentes das próprias Ligas, é o da necessidade de proteger e desenvolver o “negócio” em benefício da globalidade dos clubes participantes nas competições. Não me parece ser esse, contudo, o principal objectivo dos clubes e sociedades que participam nas Ligas. O seu fito é vencer, não descer, ir às competições europeias, etc. E tudo se faz para tal. A vontade é sempre férrea. Ao ponto de, na busca das melhores soluções para atingir esses objectivos, os clubes de andebol terem extinguido uma Liga que tinha um saldo económico positivo.

7. Esta ápoca não só o Verão vai ser especialmente quente no futebol. As temperaturas permanecerão bem elevadas até Maio de 2016. Caro leitor, cuidado redobrado com o sol.

josemeirim@gmail.com

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