Portugal Open ainda refém de descobrir um patrocinador principal

Organizadores e vontade existem mas para o maior torneio de ténis português continuar, continua a faltar o dinheiro.

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A continuidade do Portugal Open continua a ser uma incógnita José Sarmento Matos

Muitas reuniões e muitas propostas apresentadas, com rejeições pelo meio, têm ocupado o dia-a-dia do grupo que está a tentar manter Portugal no mapa do ATP World Tour em Portugal. A procura de um patrocinador principal no país é a prioridade dos promotores desta iniciativa que reúne pessoas ligadas à modalidade e que estão a tentar todos os esforços para encontrar uma solução rapidamente, já que, embora não haja prazos impostos pela ATP para se avançar, a realização do torneio na data prevista, a partir de 25 de Abril, requer alguns meses de trabalho de antecedência.

Apesar de não haver números concretos, o patrocinador principal terá que garantir 30% a 40% do orçamento total, que deverá ficar aquém dos três milhões de euros. As perspectivas são boas já que os promotores tem uma boa carteira de contactos empresariais e partilham a paixão pela modalidade e não querem deixar perder esta oportunidade de manter Portugal na rota do circuito mundial.

O rosto mais conhecido no meio tenístico é o do holandês Benno van Veggel, ex-tenista profissional (radicado em Portugal depois de ter disputado circuitos satélites organizados por João Lagos na década de 80), director-geral da promotora imobiliária Multi Development Corporation até 2013 e actual co-proprietário  do Lisboa Racket Centre. Nesta parceria, inclui-se igualmente a U.COM Event, promotora da etapa portuguesa do World Padel Tour – representada em Portugal por João Zilhão, antigo director da Lagos Sports – e a Polaris, empresa do empresário Jorge Mendes e gestora das carreiras dos tenistas João Sousa, Frederico Silva e Maria João Koehler.

Os promotores só avançaram depois do anúncio do afastamento da Lagos Sports da organização do evento, iniciando um processo de procura de uma solução para manter o evento em Portugal. Garantida está, pela ATP, da disponibilidade de uma licença, no valor de cerca de 300 mil euros, necessária para organizar um torneio do principal circuito profissional.

João Lagos ponderou nos últimos anos vender a licença que detinha a promotores estrangeiros, mas como teve sempre a intenção de manter o torneio em Portugal, acabou por prescindir de o fazer. Entretanto, as dificuldades que a Lagos Sports atravessa impediram o empresário de cumprir os requisitos exigidos pelo Tour para a manutenção dessa licença, nomeadamente, os pagamentos aos jogadores, ou não fosse a ATP uma associação de jogadores. Em relação ao Portugal Open de 2014, ainda existem divídas aos tenistas Tomas Berdych (40 mil euros) e Milos Raonic (20 mil), bem como à empresa gestora de carreiras IMG (100 mil), além da própria ATP (312 mil) e WTA (200 mil).

Mas as dificuldades sentidas por João Lagos não são um exclusivo português. A crise tem afectado muitos torneios na Europa, em especial os da categoria ATP 250, cada vez mais preteridos pelos jogadores de topo, geradores de receitas. Alguns deles conseguiram recolocar-se geograficamente – como o de Dusseldorf, que vai passar para Genebra – e outros tentam readaptar-se: o torneio de Estugarda passou de terra batida para relva, aumentando a oferta nas semanas que antecedem Wimbledon; o de Valencia tenta descer do nível ATP 500 para ATP 250, para diminuir as exigências financeiras. Outros necessitaram da intervenção das federações nacionais, como são os casos dos eventos franceses de Metz, Montpellier, Marseille e Nice ou o de Memphis, que ocupa há 40 anos uma semana no calendário, em Fevereiro, mas só sobrevive graças a USTA (federação dos EUA) que o comprou.

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