Portugal tem de aprender depressa para compensar a experiência alemã

Selecção portuguesa de sub-19 defronta nesta quinta-feira em Budapeste a Alemanha na final do campeonato da Europa da categoria.

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Ivo Rodrigues durante o jogo das meias-finais com a Sérvia ATTILA KISBENEDEK/AFP

A 31 de Julho de 1994, um jovem guarda-redes chamado Joaquim Manuel Sampaio da Silva, que ficaria conhecido no futebol português como Quim, foi o herói, ao defender dois penáltis na final do campeonato da europa de sub-18, encaminhando a selecção portuguesa para um triunfo sobre a Alemanha e para o seu primeiro trofeu continental na categoria. Exactamente 20 anos depois, a história repete-se. Portugal e Alemanha defrontam-se nesta quinta-feira (18h, RTP1) no Estádio Ferenc Szusza, em Budapeste, para a final do Euro 2014 em sub-19 (categoria que sucedeu aos sub-18), com a selecção orientada por Hélio Sousa em busca de repetir os triunfos (ambos em sub-18) de 1994 e 1999. Para já, igualou o feito de 2003, em que foi finalista vencida frente à Itália.

Dessa selecção de 1994 saíram vários jogadores que teriam bom currículo no futebol português. Quim foi um deles, com mais de três dezenas de internacionalizações e passagens por clubes como o Benfica e o Sp. Braga. Beto, central do Sporting, também chegou a internacional A, tal como Nuno Gomes, avançado do Boavista e do Benfica. Na selecção campeã em 1999, estavam futuros internacionais A como Ricardo Costa e Duda. Na equipa finalista de 2003, estavam apenas dois que chegaram à selecção principal, Hugo Almeida e João Pereira. E quantos futuros internacionais A estarão entre estes jovens que estão às ordens de Hélio Sousa? E o que poderão fazer contra a Alemanha, que tem jogadores já com experiência de Bundesliga.

Para o seleccionador português, há uma diferença de experiência e maturidade competitivas que beneficia os alemães. “A Alemanha tem jogadores com mais maturidade, que já fizeram jogos na primeira divisão alemã, ao contrário dos jogadores portugueses”, refere Hélio Sousa, que conta, no entanto, com a capacidade de aprendizagem rápida dos seus jogadores para superar essa limitação: “Chegámos aqui com todo o mérito. Os jogadores têm conseguido crescer nos momentos certos e tomar sempre as melhores decisões.”

Na equipa portuguesa, apenas um dos jogadores tem experiência na equipa principal do seu clube. Ronny Lopes já jogou algumas partidas pelo Manchester City nas últimas duas épocas, tendo sido este ano emprestado ao Lille, da liga francesa. Quase todos os outros ainda não passaram das equipas B. Quinze dos 19 que estão no Euro vêm das equipas secundárias de FC Porto (cinco), Benfica (cinco), Sporting (quatro) e Sp. Braga (um). O luso-francês Jordan Machado também ainda não passou da equipa B do Montpellier, enquanto Jorginho ainda não passou dos sub-21 do Manchester City. Quanto a André Moreira, que era o guarda-redes titular até se lesionar nas meias-finais com a Sérvia, tem utilização regular na primeira equipa do Ribeirão, mas ainda não jogou acima do Campeonato Nacional de Seniores.

Já a Alemanha, dos 11 que entraram de início contra a Áustria e que acabaram a golear por 4-0, sete já têm experiência na primeira divisão germânica: Davie Selke (Werder Bremen), Julian Brandt (Leverkusen), Hany Mukhtar (Hertha Berlim), Niklas Strak (Nuremberga), Marc Stendera (Eintracht Frankfurt), Livin Oztunali (Leverkusen) e Marc-Oliver Kempf (Friburgo). Curiosamente, esta selecção alemã não tem qualquer jogador do Bayern de Munique e tem apenas um do Borússia de Dortmund. Mas isto é, sem dúvida, um sinal de que a aposta na formação é algo transversal no futebol alemão, algo que tem dado os seus frutos ao nível de clubes e de selecções.

Por isso, explica Carlos Dinis treinador dos sub-19 portugueses em 2003, a Alemanha terá de ser considerada favorita. "Uma final é sempre imprevisível, apesar de haver algum favoritismo da Alemanha, mas acho que temos potencial para jogar com algum equilíbrio, disputar a final e, quem sabe, vencer. A Alemanha tem apostado decididamente na área da formação e tem recolhido frutos disso", afirmou o técnico à agência Lusa.

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