Pioneirismo e turbulência no futebol indonésio

A primeira selecção asiática a participar num Mundial tem vivido dias atribulados. A esperança para o futuro reside naquele que é apelidado de “Messi indonésio”.

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A Indonésia é insignificante no panorama futebolístico mundial? Pois é. Mas houve uma altura em que o arquipélago situado entre os oceanos Índico e Pacífico se destacou pelo pioneirismo. Quando ainda era designada por Índias Orientais Holandesas, a Indonésia fez história ao tornar-se a primeira nação asiática a participar na fase final de um Campeonato do Mundo. Foi em 1938, em França, e a aventura durou apenas 90 minutos.

A vaga no Mundial só foi parar às mãos dos indonésios graças às desistências do Japão e dos EUA, que recusaram disputar um play-off diante das Índias Orientais Holandesas, pelo que a honra de ser o primeiro representante da Ásia em Mundiais coube ao arquipélago actualmente conhecido como Indonésia.

E assim, no dia 5 de Junho de 1938, os asiáticos defrontaram a Hungria, na primeira ronda do torneio. Foi um combate entre forças desiguais: com uma base assente na estrutura do Ferencváros, que na altura ditava a lei no futebol magiar, os húngaros fizeram meia dúzia de golos e colocaram um ponto final no sonho indonésio. A equipa das Índias Orientais Holandesas regressou a casa e a Hungria chegou à final, onde foi batida pela Itália.

Em 1956, nos Jogos Olímpicos, a Indonésia brilhou ao impor um 0-0 à União Soviética, equipa na qual pontificava o lendário Lev Yashin. Na repetição, os soviéticos (que conquistariam a medalha de ouro) golearam por 4-0.

Nunca mais a Indonésia esteve sequer perto de repetir a presença no Mundial. Na caminhada para 2014, os Merah Putih (vermelho e brancos) afastaram o Turquemenistão numa ronda preliminar. Mas, na primeira fase de grupos, foram últimos só com derrotas (três golos marcados e 26 sofridos) num agrupamento que incluía Irão, Qatar e Bahrein.

A fraquíssima prestação surgiu em plena fase de turbulência para o futebol indonésio: havia duas federações rivais, cada qual a organizar o seu campeonato, e chegou até a haver duas selecções distintas. A situação obrigou a uma intervenção da FIFA para trazer de volta a normalidade.

A esperança reside no futuro, particularmente naquele que é designado como o “Messi indonésio”. Com 22 anos e 1,63m, Andik Vermansyah tem de conviver com a comparação ao argentino. “Não faço ideia de onde veio a alcunha. Mas coloca muita pressão sobre mim. Não sou o Messi, que é um grande jogador. Preciso de trabalhar muito e esforçar-me para me tornar um futebolista melhor”, admitiu em conversa com o site oficial da FIFA.

Mas até David Beckham já reconheceu a qualidade de Vermansyah: em 2011, após um jogo particular entre os Los Angeles Galaxy e uma selecção indonésia, os dois trocaram camisolas e o britânico fez elogios ao indonésio. “Depois desse encontro tornei-me ainda mais popular, e claro que as palavras de Beckham aumentaram imenso a minha confiança”, confessou o “Messi indonésio”.

Planisférico é uma rubrica semanal sobre histórias de futebol e campeonatos periféricos

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