O novo Estoril Open quer consagrar os seus primeiros campeões

Depois de 25 anos com João Lagos, o único torneio português no calendário ATP, que começa neste sábado, mudou de organizadores e de local. João Sousa lidera as ambições lusas.

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João Sousa é a principal esperança portuguesa para vencer o torneio Miguel Medina/AFP

É um torneio que regressa, mas que, na verdade, não chegou propriamente a ir embora. O Estoril Open esteve, de facto, em perigo pelos problemas financeiros de João Lagos, o seu organizador de 25 anos, mas não caiu e neste sábado será o primeiro dia do resto da vida do único torneio português no calendário ATP. Deixou o Jamor e instalou-se no Clube de Ténis do Estoril, recuperou o nome que tinha perdido nos últimos dois anos (em que foi Portugal Open) e quer ter uma nova identidade em relação ao que foi no passado. A nova organização quer que se fale deste como um novo torneio e evitar referências ao passado. “Quem ganhar aqui”, diz João Zilhão, o director do torneio, “será o primeiro campeão”.

Hoje dão-se os primeiros toques na terra batida do Clube de Ténis do Estoril com jogos da primeira ronda do qualifying, com o quadro principal a começar na segunda-feira. Depois de ter sido apresentado no início de Fevereiro, foram quase três meses em contra-relógio e um investimento a rondar os três milhões de euros (incluindo o prémio monetário de 493 mil euros) para pôr de pé um torneio novo, com algumas pessoas do antigo, mas com um conceito diferente. Os jogos nocturnos serão uma das grandes novidades de um torneio que terá apenas competição masculina (singulares e pares), ficando a recuperação do quadro feminino para futuras edições.

Lagos abandonou a organização do torneio, mas não saiu da vida do Estoril Open. No início de Fevereiro, o empresário, que organizou o torneio entre 1990 e 2014 (e que se chamou Portugal Open nos dois últimos a nos), está numa luta legal com a Câmara de Cascais pelos direitos da marca “Estoril Open” – tanto a autarquia como o Lagos têm pedidos entregues no Instituto Nacional de Propriedade Industrial - mas esta luta não irá, para já, afectar a presente edição do torneio. Como curiosidade, fica a data em que Lagos entregou o primeiro pedido, 4 de Fevereiro, um dia antes da apresentação do torneio pela nova organização.

A organização deste novo/velho torneio é partilhada pela U.Com, empresa sediada na Alemanha que é especializada na comunicação e organização de eventos, do empresário holandês e ex-tenista Benno Van Veggel e da Polaris Sports do empresário Jorge Mendes, tendo o banco Millenium BCP como patrocinador de referência (que também dá o nome ao evento). O objectivo não é apenas organizar o evento este ano, mas mantê-lo para o futuro e no mesmo local.

João Sousa é o chamariz

Na formação do quadro competitivo, a organização do Estoril Open teve de enfrentar a concorrência dos mais endinheirados torneios de Istambul e de Munique, que decorrem na mesma semana. O evento turco, por exemplo, garantiu a presença do suíço Roger Federer, enquanto o torneio alemão, apoiado pela BMW, terá o escocês Andy Murray. Sem um nome do “top ten” mundial, o Estoril Open apostou muito na promoção da presença de João Sousa, melhor tenista português de sempre e actualmente n.º 56 do ranking ATP. O tenista vimaranense foi, aliás, o primeiro nome a ser anunciado, ainda no início de Fevereiro e a esperança da organização é que ele vá longe no torneio. Se passar a primeira ronda, é certo que o seu jogo a seguir será um dos jogos nocturnos.

Para além de João Sousa, haverá uma forte presença portuguesa no torneio. Se já estava confirmada a atribuição de uma vaga a Frederico Silva, que já venceu o US Open em pares juniores, ontem foram concedidos os dois restantes wild cards a Gastão Elias e Rui Machado, o que significa que estarão no quadro principal os quatro melhores jogadores portugueses da actualidade. No qualifying vai estar aquele que há não muito tempo era o melhor português no ranking ATP. Frederico Gil foi o português que esteve mais perto de ganhar o Estoril Open – foi finalista vencido em 2010 -, mas agora vai ter de começar por baixo, ele que ocupa actualmente o 637.º lugar na hierarquia mundial.

O argentino Carlos Berloq, campeão da em 2014, e o francês Adrian Mannarino desistiram do Estoril Open a problemas físicos, sendo que também não irá estar no torneio o cipriota Marcos Bagdhatis, por “motivos não médicos”. O sorteio do quadro principal será apenas hoje ao início da tarde, mas já é certo que não haverá nenhum “top ten” na terra batida do Clube de Ténis do Estoril, apesar dos telefonemas de última hora.

Os mais cotados são o espanhol Feliciano Lopez, n.º12 do ranking, o sul-africano Kevin Anderson (17.º), o espanhol Tommy Robredo (20.º), o argentino Leonardo Mayer (24.º) e o francês Richard Gasquet (27.º). Estarão ainda presentes os promissores Nick Kyrgios (41.º) e Brona Coric (55.º), e, entre as entradas de última hora para o quadro principal, destaque para o veterano espanhol Alberto Montañes (124.º), vencedor do Estoril Open em 2009 e 2010.

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