Quando tudo aponta para que o Mundial 2022 poderá ser o primeiro na história disputado no Inverno do hemisfério Norte, os clubes europeus ainda não perderam a esperança de sensibilizar os responsáveis da FIFA para a necessidade de programar o campeonato a disputar no tórrido Qatar para os meses de Maio e Junho. Esta terça-feira, um grupo de trabalho do organismo máximo do futebol mundial apresentou uma recomendação para a calendarização do evento, após uma reunião em Doha, sugerindo os meses de Novembro e Dezembro. A decisão final será tomada pelo comité executivo da FIFA, no próximo dia 20 de Março, em Zurique.

A proposta para a realização do Mundial nos dois últimos meses de 2022 é aquela que agrada mais ao presidente da FIFA Joseph Blater, já que evitaria o Verão infernal do Qatar, mas tem reunido a oposição dos clubes e ligas europeias. Em causa está a paragem nas competições europeias de clubes por um período relativamente dilatado.

A outra hipótese defendida pela FIFA – e também contestada pelos emblemas europeus - anteciparia a prova para os meses de Janeiro e Fevereiro, mas iria coincidir com os Jogos Olímpicos de Inverno.

“Abordámos todas as opções. É óbvio que há prós e contras para todos, mas a melhor solução que se retira após todas estas discussões será Novembro/Dezembro”, revelou Jêrome Valcke, secretário-geral da FIFA.

A UEFA já se mostrou favorável à alteração da data do Mundial, para os meses de Novembro e Dezembro. "Em benefício dos futebolistas e dos adeptos, a UEFA crê que a competição deverá disputar-se no Inverno e esperamos a decisão final do Comité Executivo da FIFA a 18 e 19 de Março", refere o comunicado do organismo europeu de futebol.

“Se mudarmos [o Mundial] do Verão para Novembro ou Janeiro vai afectar o nosso negócio”, alertou recentemente o alemão Karl-Heinz Rummenigge, presidente da Associação de Clubes Europeus, que propõe disputar a competição nos meses de Maio e Junho. Uma posição que não acolhe grandes apoios na cúpula da FIFA, nomeadamente do secretário-geral do organismo Jérôme Valcke, que qualificou os meses de Novembro e Dezembro como “perfeitos para jogar futebol” no Qatar.

No caso de prevalecer esta última solução, restará aos clubes europeus pressionar a FIFA para encurtar o Mundial, minimizando os prejuízos de uma paragem competitiva. O argumento é que não serão necessários estágios tão prolongados e que a competição propriamente dita poderá ter menos dias, já que não serão necessárias grandes deslocações para as selecções presentes, face à logística do Qatar, que poderão recuperar em menos tempo entre os respectivos jogos.