Nove elementos da Juve Leo detidos tinham 5,5 quilos de haxixe

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Foto: Nuno Ferreira Santos

Os noves elementos da Juventude Leonina (JL), uma das claques do Sporting, detidos na quarta-feira pela Divisão de Investigação Criminal da PSP de Lisboa, são suspeitos de se dedicarem ao tráfico de droga para financiar algumas das actividades daquele grupo. Esta não é uma novidade para a polícia que, há cerca de três anos, quando da detenção de elementos de uma claque do Benfica, chegaram a idêntica conclusão.

As investigações que levaram à detenção dos nove homens ligados à JL iniciaram-se a 21 de Fevereiro deste ano, quando o Sporting recebeu no seu estádio, em jogo a contar para o campeonato nacional, o Benfica. Nessa ocasião houve confrontos graves entre adeptos das duas claques (no exterior do estádio) e dentro recinto, com os elementos da claque sportinguista a enfrentarem e a agredirem a polícia.

Seguiram-se meses de investigações diversas, com inúmeras acções de vigilância em outros eventos desportivos onde actuaram equipas do Sporting, até que na manhã de quinta-feira, numa operação que se prolongou até às 18h30, se procedeu a sete buscas (seis domiciliárias, em Almada, Carnaxide, Lisboa, Oeiras e Ovar, e uma à sede da JL, em Lisboa).

Numa das casas revistadas apreenderam-se mais de 5,5 quilos de haxixe, 64 gramas de cocaína e uma balança de precisão. Na sede da JL a polícia veio a encontrar algum material pirotécnico proibido, nomeadamente 28 potes de fumo e um petardo. Foram ainda encontrados durante as buscas (num local não especificado) 600 euros em dinheiro.

Indícios de “violência gratuita sob as forças de segurança”

Nesta sexta-feira, em conferência de imprensa, o comandante da Divisão de Investigação Criminal da PSP lisboeta, subintendente Resende da Silva, não só salientou o facto de, durante as investigações, terem sido reunidos indícios que apontam os suspeitos como responsáveis “por acções de violência gratuita sob as forças de segurança, sendo também identificadas várias situações de posse de material explosivo”, como noutros casos se concluiu que “os elementos afectos à referida claque [JL], através de vários meios, incentivaram à violência os restantes elementos do grupo”.

“Perante a perigosidade objectiva dos suspeitos e existirem fundadas suspeitas de que persistirão na mesma conduta, foram emitidos e cumpridos mandados de detenção para aplicação de medida de coacção e mandados de busca”, conforme referiu a PSP através de comunicado.

Os nove detidos, com idades compreendidas entre os 21 e os 36 anos, irão responder por ofensas à integridade física, posse uso de artefactos pirotécnicos, resistência e coacção sobre funcionário, dano qualificado, participação em rixa, tráfico de droga e posse de arma proibida.

Um dos suspeitos agora detidos é, conforme foi confirmado pela própria PSP, dirigente da JL. Trata-se de um homem de origem guineense que, de acordo com o que revelaram ao PÚBLICO diversas fontes terá ligações ao narcotráfico. Segundo o subintendente Resende da Silva é quase garantido que na sequência deste processo venham a ser constituídos, em breve, mais arguidos.

Resende da Silva não quis estabelecer qualquer relação entre a actividade (tráfico de droga) deste grupo e o mesmo tipo de crime que levou, há três anos, à detenção e posterior condenação de elementos da claque benfiquista No Name Boys. Outras fontes policiais disseram ao PÚBLICO que a venda de droga é um dos principais modos de subsistência de algumas claques organizadas, as quais encontram nessa actividade, mas também na extorsão e em algum tipo de furtos, o modo que lhes permite arranjar dinheiro para viajarem semanalmente, seja para as provas realizadas em Portugal seja para as que ocorrem no estrangeiro.

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