Luca Paolini, o barbudo dos capacetes

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Luca Paolini tem um visual diferente do habitual no pelotão internacional DR

Muito antes de Raul Meireles fazer sensação com o seu look no Mundial 2014, já outro desportista suportava, com grande estilo, uma barba ruiva farfalhuda. Escondido numa fria equipa russa, um italiano de Milão provocava a inveja dos colegas de estrada e os suspiros das senhoras, no seu ar de pessoa confiante e cool.

Falamos de Luca Paolini, o barbudo da Katusha que desafiou as normas impostas – a de unificação em redor do incomparável espanhol Joaquim Rodriguez – e, a espaços, foi roubando o protagonismo ao terceiro classificado do Tour 2013.

Atrevam-se a juntar o nome Luca Paolini e a palavra helmet no agregador Google e o que vai ver surgir no ecrã são múltiplas indicações de novos e ainda mais originais capacetes, desenhados para praticamente cada uma das provas em que participa. A mais conhecida combinação será aquela em que, junto a uma pequena caricatura de si enquanto ciclista, se pode ler “Gerva”, uma referência a “Il Gerva”, a sua alcunha, e, em letras bem mais pequenas, “Barbutus Pedalatores Homini” (qualquer coisa como homem barbudo que pedala).

Nascido a 17 de Janeiro de 1977, começa a dar as primeiras pedaladas como profissional em 2000, na incontornável Mapei, viveiro por excelência do ciclismo italiano. Na iminência da extinção da equipa transalpina, Paolini é um dos eleitos pelo director desportivo Patrick Lefevere para continuar na sucessora Quickstep, em 2003. A transição para uma formação com sede na Bélgica não o atrapalha. Soma lugares de destaque no calendário italiano, é terceiro na Milan-San Remo (2003) e nos Mundiais (2004). O regresso a casa é inevitável. Assina pela Liquigas e, nesse mesmo 2006, vence uma etapa na Vuelta e volta a repetir o terceiro posto na clássica italiana.

O sucesso atrai as atenções das autoridades antidopagem italianas. É apanhado numa escuta telefónica que envolve Ivan Basso, um dos condenados na Operación Puerto. A sua casa é revistada, nada é encontrado – não escapa a um julgamento muito público em 2010, ano em que a Operazione Athena chega a tribunal. Para se afastar do clima de suspeição, fecha contrato com a mais modesta Acqua & Sapone. Seria apenas uma “pausa” de duas épocas na carreira em equipas de topo. Arquivado o processo contra si, escolhe a Katusha para o regresso à ribalta. Na opção pelos russos, aceita tornar-se um trabalhador de equipa.

Aos poucos, vai-se afirmando na equipa, graças a resultados como o sétimo lugar na Volta à Flandres ou o nono na prova de estrada de Londres 2012. Em 2013, vive o momento alto do seu percurso, com o triunfo numa etapa do Giro. Aos 37 anos, Paolini vive o seu renascimento. Quem sabe se não faz o pleno de etapas nas grandes Vueltas já neste Tour.

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