Lisboa confirmou primeira Volta para Gustavo Veloso

Espanhol levou a camisola amarela até ao fim. Manuel Cardoso foi o vencedor do dia.

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Veloso venceu uma etapa na 76.ª edição da Volta a Portugal dr

A primeira demorou a acontecer e passaram décadas sem que se repetisse. Em 1973, Jesus Manzaneque tornou-se no primeiro espanhol a vencer a Volta a Portugal em bicicleta, apesar de não ter sido o primeiro da geral, beneficiando da desclassificação de Joaquim Agostinho por doping. Vinte e seis anos depois, David Plaza voltou a colocar Espanha no palmarés da prova portuguesa. O triunfo espanhol seguinte levou menos tempo a acontecer, foi em 2004, com David Bernabéu. Ontem, Gustavo César Veloso, ciclista galego da OFM-Quinta da Lixa, confirmou em Lisboa o triunfo na 76.ª edição da Volta, naquela que foi a oitava vitória de um corredor espanhol nas dez últimas provas.

Depois de Manzaneque, Plaza, Bernabéu, Xavier Tondo, David Blanco e Alejandro Marque, Veloso tornou-se no sétimo ciclista espanhol a vencer a maior prova por etapas do calendário nacional, assumindo a liderança da geral após a terceira etapa. Depois, o galego portou-se bem nas etapas de montanha e garantiu a camisola amarela com um triunfo no contra-relógio individual do penúltimo dia, abrindo uma vantagem impossível de recuperar para o português Rui Sousa (Rádio Popular-Onda), que terminou em segundo da geral, com mais 1m45s. No lugar mais baixo do pódio ficou o também espanhol Delio Fernandez (OFM-Quinta da Lixa), a 2m38s.

“São momentos em que as palavras não são precisas. As dificuldades que enfrentámos uniram mais a equipa. Temos um grupo incrível. A etapa mais decisiva foi a da Torre. Sofri muito, mas as corridas ganham-se nos momentos maus. Toda a gente tem dias maus, mas soube sofrer nos momentos difíceis”, afirmou Veloso, que já havia ganho duas etapas na Volta a Portugal, a última das quais a subida à Torre em 2013, terminando essa edição em segundo lugar, a apenas quatro segundos de Marque, seu colega de equipa.

A vitória alcançada neste domingo não foi o único momento alto numa carreira que já vai longa e que até teve uma passagem pelo Boavista, em 2000. O currículo de Veloso inclui um triunfo na Volta à Catalunha (2008) e numa etapa da Volta à Espanha (2009), mas o galego teve de enfrentar o desemprego no final de 2010, quando a sua equipa, a Xacobeo Galícia, acabou, devido a problemas com doping. “Senti-me como um papel que é atirado para o lixo”, contava numa entrevista em 2011 ao El País. Na altura, já não teve tempo para arranjar uma equipa e passou mais de um ano parado.

Mas, inspirado pelo seu ídolo Miguel Induraín, não desistiu e voltou a subir para uma bicicleta. Habituou-se de novo a pedalar e, em 2012, regressou à competição. Fê-lo em 2012 a uma equipa da Andaluzia, que também acabou, e, em 2013, voltou a Portugal para a OFM, onde renasceu em definitivo para os grandes resultados.

Na etapa da consagração de Veloso, foi o sprinter português Manuel Cardoso (Banco BIC) a ser o mais rápido na meta instalada em Lisboa da décima e última etapa, após 167,1 quilómetros que tiveram início na Burinhosa. Cardoso adiantou-se nas últimas acelerações e bateu com alguma vantagem o italiano Davide Viganò (Caja Rural). “Era melhor ter sido ao início, porque dava tranquilidade para o resto da Volta, mas mostrámos carácter”, declarou Cardoso no final.

Neste domingo, foi também o último dia de Vítor Gamito (LA-Antarte) como corredor de uma Volta a Portugal. O vencedor da edição de 2000 decidiu regressar, aos 44 anos, para uma derradeira participação e chegou ao fim, classificando-se em 82.º lugar (terminaram 116 ciclistas).

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