John McEnroe: “Ficarei surpreendido se Murray terminar o ano no primeiro lugar”

Antigo número um mundial faz a antevisão do Open da Austrália e da época 2017.

Foto
Bjorn Borg e John McEnroe, duas lendas do ténis Stefan Wermuth/Reuters

John McEnroe, auto-intitulado Comissário do Ténis, volta a ser presença obrigatória no Eurosport durante a cobertura exaustiva do Open da Austrália. Na antevisão do primeiro torneio do Grand Slam do ano, numa conferência de imprensa telefónica, à qual o PÚBLICO teve o acesso exclusivo para Portugal, o antigo número um mundial – e agora um dos mais solicitados comentadores televisivos – falou da imprevisibilidade do torneio e admitiu as suas dúvidas sobre a capacidade de Andy Murray e Angelique Kerber manterem as suas posições de líderes dos respectivos rankings.

“O Open da Austrália é o ‘major’ mais imprevisível de todos porque é o primeiro do ano – devia ser mais tarde, mas essa é outra questão. Depende muito da forma como os jogadores se prepararam durante as férias. Eu sempre achei difícil porque ia de Nova Iorque, com muito frio, para o calor. A parte física é bastante importante e é uma grande oportunidade para muitos aparecerem”, disse McEnroe.

Tal como a maioria dos analistas, o campeão norte-americano está expectante sobre a época de Murray, reconhecendo que o britânico irá sentir uma pressão extra por ser agora o número um do ranking, mas também um enorme incentivo. “Foi um grande feito para o Andy chegar ao primeiro lugar, trabalhou muito e o reencontro com Lendl deu-lhe uma grande ajuda. Não é fácil manter a intensidade a um elevado nível, durante muito tempo. Vai ser muito interessante ver como irá decorrer este ano. Mas ficarei muito surpreendido se terminar o ano no primeiro lugar”, adiantou McEnroe, antes de elogiar o treinador de Murray: “Ivan é muito respeitado e trouxe-lhe muita coisa nova. É muito profissional, prepara-se muito bem, observa os adversários, é muito meticuloso. E Andy gosta disso.”

A grande concorrência deverá vir de Novak Djokovic, pois McEnroe não vê Roger Federer ou Rafael Nadal voltarem a ganhar Grand Slams. “Neste momento, não sei como se sentem Roger e Rafa, talvez os maiores tenistas de sempre. Para Roger será ainda mais difícil, pela idade e pelo que passou recentemente, ganhar sete encontros à melhor de cinco sets. Nadal perdeu algum ascendente, mas nesta fase das carreiras, Rafa tem uma maior possibilidade de vencer um major do que Roger; pode ainda ganhar na terra batida, ganhar confiança. Federer vai continuar a fazer bons resultados, especialmente em Wimbledon, mas não o vejo a ir até ao fim”, explicou.

No ténis feminino, a dúvida quanto à permanência de Kerber no topo é igual. “Nunca pensei que Kerber chegasse a número um. Sempre respeitei as suas qualidades, a capacidade de descobrir ângulos e a intensidade que coloca em campo, tendo em conta que não é muito alta ou tem um grande serviço. Tem muito mérito. Mas penso que será muito difícil manter-se no primeiro lugar. Se ganhar mais um Grand Slam este ano será um grande feito”, adiantou McEnroe, que também não tem certezas quanto à possibilidade de Serena Williams voltar ao topo, embora acredite que a compatriota pode conquistar o 23.º título do Grand Slam.

“É difícil dizer se ela ainda tem aquele ‘fogo’ dentro dela. Agora está noiva, começa a pensar no futuro e noutras coisas na sua vida e não sei como estará a sua ambição, mas penso que ainda quer bater o recorde de Steffi Graf e ficarei surpreendido se não o fizer este ano”, frisou “Big Mac”.

Sugerir correcção
Comentar