Jogo de alto risco autorizado em Israel

Embate entre Beitar de Jerusalém e Bnei Sakhnin está a fazer soar os alarmes de alerta por questões de segurança.

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O Beitar de Jerusalém vai defrontar o Bnei Sakhnin, num jogo de alto risco Ronen Zvulun/Reuters

A polícia israelita decidiu autorizar a realização do jogo de futebol entre o Beitar de Jerusalém e o Bnei Sakhnin, no domingo, a contar para a I Divisão. A partida é considerada de alto risco, uma vez que colocará frente a frente um clube com uma base de apoio da extrema-direita judaica frente a um outro suportado por árabes israelitas. Tudo isto numa altura em que se vive uma situação de elevada tensão entre estas duas comunidades, com violência esporádica, como o do recente ataque a uma sinagoga levado a cabo por dois palestinianos e que resultou na morte de cinco pessoas.

O Beitar de Jerusalém é conhecido por ter entre os seus adeptos alguns elementos com antecedentes de actos violentos de conotação racista, enquanto o Bnei Sakhnin é o único clube árabe israelita que compete no principal campeonato do país. A partida disputa-se em Sakhnin, cidade de maioria árabe e em ocasiões anteriores já se registaram confrontos entre adeptos de ambos os clubes – os árabes israelitas são descendentes dos palestinianos mas, ao contrário de muitos outros, permaneceram no que é hoje o Estado de Israel após a sua criação, em 1948.

Inicialmente, a polícia proibiu a realização do jogo devido a diversos problemas detectados, nomeadamente a inexistência de um plano de evacuação da bancada em que ficarão os adeptos do Beitar, em caso de emergência, e a impossibilidade de assegurar que durante a chegada dos adeptos do Beitar ao estádio não se verificariam confrontos com adeptos do clube local.

Nesta sexta-feira, contudo, as autoridades policiais alteraram a sua posição, considerando que estavam reunidas as condições mínimas de segurança. No entanto, limitou a 400 o número de adeptos do Beitar autorizados a assistir ao encontro. Mesmo assim, são centenas os polícias e assistentes de recinto que estão mobilizados para o jogo, segundo relata a comunicação social israelita.

O Beitar tem as suas raízes na direita ultra-nacionalista israelita. Os seus adeptos têm a fama de terem praticado diversos actos de cariz racista anti-árabe, que já valeram vários castigos ao emblema. A contratação de dois jogadores tchetchenos, em Janeiro de 2013, por exemplo, motivou uma avalanche de reacções de ódio.

Já o Sakhnin foi, o mês passado, condenado ao pagamento de uma multa de sensivelmente 3100 euros por ter prestado homenagem a Azmi Bishara, antigo deputado árabe-israelita que fugiu de Israel em 2007 depois de ter sido acusado de colaborar com o movimento libanês Hezbollah, um dos grandes inimigos de Israel.

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