Javier Ballesteros: “Apelido pode ser ajuda”

Filho primogénito do ícone do golfe em conversa com GolfTattoo na Madeira

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Em Março no Open da Madeira, que seria anulado por mau tempo / © Hélder Santos/ASPress

Não foi difícil reconhecer Javier Ballesteros entre as várias dezenas de jogadores que circulavam pelo clubhouse do Santo da Serra, enquanto esperavam a hora de saída. A semelhança física com o pai não deixa ninguém indiferente, entre burburinhos ouvíamos, “aquele é que é o filho de Seve Ballesteros?”. 

Para os muitos fãs do Ballesteros pai em Portugal não havia margem para erros, por terem ainda gravado na memória a imagem do miúdo de 15 anos que carregou o saco do seu pai durante o British Open de 2006, na sua última aparição neste torneio. Seve descreveu muitas vezes este momento “como um dos mais emocionantes da sua vida”. Hoje, o jovem de 25 anos mistura-se com os seus pares, a maioria deles jovens jogadores à procura de um lugar entre a elite do golfe europeu. 

Discreto e afável, Javier, o primogénito da lenda do golfe europeu que faleceu em 2011 vítima de um tumor no cérebro, respondia a todas as solicitações da imprensa que fazia a cobertura do Madeira Islands Open Portugal BPI. 

Javier procura o seu lugar no mundo do golfe profissional de alta competição / © GETTY IMAGES

Javier nasceu a 20 de Agosto de 1990 e é o mais velho dos três filhos de Seve Ballesteros. Começou bem cedo nas lides do golfe. Com apenas 3 anos, já empunhava o taco no seu clube, Real Golf de Pedreña, sob a orientação do seu mentor e pai, vencedor de cinco majors e um dos melhores jogadores europeus de sempre.

A pergunta impunha-se: O que é que apendeu com o seu pai? “Aprendi muitas coisas. O jogo curto e ele estava sempre a dizer-me para tentar fazer o swing o mais natural possível”. Hoje em dia tira proveito dos ensinamentos. “A minha mais-valia é o jogo curto, não tenho o mesmo jogo curto que o meu pai, que é muito difícil, mas é bom.”  

A história de Javier, enquanto profissional de golfe, começa agora a escrever-se. Tornou-se profissional em Novembro de 2014 e joga no circuito de golfe satélite Alps Golf Tour (uma das 3ªs. divisões do golfe europeu), onde recentemente se classificou em 47º lugar, em Golf Valdeluz, Espanha. A sua estreia em provas do European Tour não podia ter sido melhor, recebeu um convite para disputar o milionário torneio Omega Dubai Desert Classic, em Fevereiro deste ano, pela primeira vez como profissional. 

Já no ano passado havia sido convidado para estar presente neste torneio, ainda como amador, por ocasião do 25º aniversário da prova. Em Março voou até Portugal para disputar o Madeira Islands Open Portugal BPI e voltou ao Challenge de Madrid em Abril onde não conseguiu passar o cut. A dar os primeiros passos no golfe profissional carrega consigo um legado e um sobrenome difícil de ignorar. 

“Na verdade, não sinto nenhum tipo de pressão.Tenho orgulho do meu pai. Acho que pode mesmo ser uma ajuda. Não tive uma grande carreira como amador e é difícil jogar como profissional. Creio que abre portas. Aqui [no Open da Madeira] tive a sorte de me convidarem para jogar, mais do que pressão, o apelido pode ser uma ajuda», disse o profissional espanhol.

A ambição de seguir as pisadas do pai era um sonho de infância. “Sempre tive a ideia clara de que queria ser jogador profissional de golfe”. Pelo caminho licenciou-se em Direito e, ainda, conjuga a atribulada vida de profissional com o cargo de presidente da fundação da família, Fundação Seve Ballesteros. É conhecido por ser um “aficcionado” pelo futebol, com o Barcelona como seu clube de eleição. 

“Estava a estudar Direito e antes não treinava tanto como nos últimos anos, agora estou a treinar muito e a melhorar rapidamente”, explicou o profissional que vive em Madrid e trabalha há quatro meses com o treinador Fernando Nuñes.    

Javier olha para o seu futuro como profissional de golfe com cautela e serenidade: “Nos últimos anos tenho treinado muito, com muita tranquilidade e sem pressão. O meu objetivo é tentar passar sempre o cut, estou tranquilo e a jogar mais ou menos bem. Tento desfrutar do campo. Passei a profissional há pouco tempo e de momento tenho de ir com calma.”  

O jovem profissional esteve várias vezes em Portugal, que considera “muito bonito e diferente de Espanha”. A nível competitivo, além de conhecer o Santo da Serra (onde participou no open madeirense), esteve na Aroeira, na Charneca da Caparica, em Outubro de 2013 a disputar o European Men’s Club Trophy ao serviço do seu clube, Real Golf de Pedrenã, onde se destacou como o melhor jogador da equipa e contribuiu para o sétimo lugar da sua formação. 

Javier não esquece a forma calorosa com que é recebido em qualquer parte do mundo: “Cada vez que vou a um campo de golfe, pode ser aqui na Madeira, ou em Inglaterra recebem-me sempre com carinho.”

 

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