Jack Sock pronto para uma batalha com Rafael Nadal

Também em Roland Garros, Serena Williams volta a sobreviver ao ataque de Victoria Azarenka.

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Vincent Kessler/Reuters

Aos 22 anos e oito meses, Jack Sock é o mais novo norte-americano a atingir os oitavos-de-final em Roland Garros desde Pete Sampras, em 1993. E é também o único sobrevivente dos EUA no quadro individual masculino, mas essa não será grande surpresa para quem acompanha a carreira de Sock e há muito que esperava que ele explodisse na terra batida, o seu piso preferido – essa sim, uma característica inesperada para um tenista norte-americano.

“A terra batida maximiza o meu jogo. Posso preparar e ditar o ponto com a minha direita. Sem dúvida que faz com que as minhas pancadas sejam mais letais”, explicou Sock, que poderia ter surgido em Paris com um ranking melhor do que o 37.º posto actual. Mas uma operação à anca fê-lo perder os dois primeiros meses da época. Em Janeiro, o irmão, Eric, passou três semanas no hospital devido a uma infecção bacteriana rara e essa recordação ainda está bem presente. “Quando falhamos uma bola e pensamos que é o fim do mundo, penso no meu irmão deitado numa cama de hospital, sem poder respirar sem ajuda e deixa de parecer assim tão mau. Poder jogar ténis como profissão é, sem dúvida, uma bênção”, justificou.

Nascer no Nebraska (Lincoln) valeu a Sock algumas comparações com Andy Roddick, nascido noutra cidade (Omaha) do mesmo Estado. Mas foi em Kansas City, na Mike Wolf Tennis Academy, que cresceu e desenvolveu o seu ténis, com destaque para a forte direita, mas igualmente um excelente serviço, uma esquerda a duas mãos fiável e vóleis decisivos. Mas a área em que progrediu mais foi a condição física, com Brent Salazar, que trabalha na equipa de futebol americano do Kansas City Chiefs. Os pares têm ajudado a consolidar a técnica – ao lado do canadiano Vasek Pospisil, venceu o último torneio de Wimbledon e, neste ano, o Masters 1000 de Indian Wells. Em Abril, conquistou o seu primeiro título do ATP World Tour, na terra batida de Houston (um pouco mais rápida que a europeia).

Em Roland Garros, apresentou como cartão-de-visita uma vitória em três sets sobre Grigor Dimitrov (11.º), seguindo-se Pablo Carreño Busta (61.º) e, neste sábado, outro grande nome da nova geração, o croata Borna Coric (46.º), por 6-2, 6-1 e 6-4, num encontro em que a sua direita voltou a sobressair. Dados recentes mostram que Sock consegue imprimir na bola 3.337 rotações por minuto, quando aplica o efeito topspin, tão útil na terra batida; melhor só Rafael Nadal (3.391).

E será precisamente com Nadal – vencedor do russo Andrey Kuznetsov, por 6-1, 6-3 e 6-2 – que Sock irá medir forças na segunda-feira. “Estou entusiasmado para ver a batalha de direita contra direita. Vai ser um jogo de xadrez, para ver quem encontra a direita em primeiro lugar. Vai ser duro e vai ser divertido”, garantiu Sock.

Menos sorte tiveram os jovens australiano Nick Kyrgios e Thanasi Kokkinakis. Diminuído por uma lesão no braço que lhe retirou potência no serviço, Kyrgios (30.º) cedeu à maior consistência de Andy Murray: 6-4, 6-2 e 6-3. O número três do ranking tem agora como adversário o francês Jérémy Chardy (45.º).

Kokkinakis (84.º) foi travado pela solidez de Novak Djokovic, que, com um break em cada set, venceu com um triplo 6-4. Para chegar ao ansiado duelo nos “quartos” com Nadal, o líder do ranking terá de ultrapassar o francês Richard Gasquet (21.º). Ainda nos oitavos-de-final, David Ferrer (8.º) defronta o croata Marin Cilic (10.º).

Como há três semanas, quando teve três match-points em Madrid, Victoria Azarenka (27.ª WTA) voltou a estar perto de eliminar Serena Williams. A bielorrussa comandou por 6-3, 4-2 e igualmente por 2-0 no terceiro set, mas a líder do ranking voltou a mostrar toda a sua garra e venceu, por 3-6, 6-4 e 6-2, para se tornar na primeira mulher na Era Open a somar 50 encontros ganhos em cada um dos quatro torneios do Grand Slam. Segue-se a também norte-americana Sloane Stephens (40.ª), que a eliminou no Open da Austrália de 2013.

Petra Kvitova (4.ª) joga com a suíça Timea Bacszinsky (24.ª), Sara Errani (17.ª) defronta Julia Georges (72.ª) e, num inesperado duelo de estreantes em fases tão adiantadas do Grand Slam, a belga Alison Van Uytvanck (93.ª) discute com a romena Andreea Mitu (100.ª) um lugar nos “quartos”.

No domingo, os portugueses Nuno Borges e Felipe Cunha e Silva estreiam-se no torneio de juniores.

 

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