Infelicidade de Gerrard abre a porta à vitória do Chelsea em Liverpool

Mourinho reentra na luta pelo título em Inglaterra e abre também o caminho ao Manchester City. Treinador português venceu oito dos jogos contra adversários do top 7 da Premier League e só sofreu cinco golos.

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Steven Gerrard a ser confortado pelo seu treinador. Darren Staples/Reuters

Serão raros os exemplos de dedicação e fidelidade a um clube nesta era do futebol moderno como aquela que Steven Gerrard revela pelo Liverpool. O médio, de 33 anos, fez toda a sua formação e carreira profissional ao serviço dos “reds” e honra como ninguém a braçadeira de capitão. “O Liverpool era uma religião na casa onde cresci”, revelou na sua autobiografia. Ao serviço deste “culto” coleccionou quase todos os títulos com que poderia sonhar: Liga dos Campeões, Taça UEFA, Supertaça europeia, Taça de Inglaterra, Taça da Liga e Supertaça inglesa. Mas há um espaço vazio neste palmarés: a Premier League, que foge ao Liverpool há 24 anos. O jejum pode terminar esta temporada e muito por força da determinação de Gerrad, que tem contagiado toda a equipa. Este domingo, frente ao Chelsea de José Mourinho, um erro clamoroso do internacional inglês complicou as contas, permitindo aos londrinos iniciar a construção de um triunfo, por 2-0. As duas jornadas que restam do campeonato dirão se o lance infeliz assombrará para

A partida já estava nos descontos da primeira metade, quando Gerrad não segurou uma bola no meio-campo do Liverpool e escorregou quando tentava emendar o erro. Matreiro, o franco-senegalês Demba Ba aproveitou a infelicidade do seu adversário e seguiu sozinho para a baliza, batendo Simon Mignolet. Estava desfeito o nulo no marcador e o clima festivo nas bancadas de Anfield Road emudeceu. O “capitão” era o rosto da desilusão ao intervalo, apesar da solidariedade dos adeptos, que cantaram o seu nome. Regressou com os seus companheiros para a segunda parte antes da hora, ansioso para compensar a falha. Tentou fazer uso de uma das suas principais armas, o remate, mas este não era o seu dia.

Mesmo sem alguns habituais titulares, o Chelsea também não contribuiu para a retractação de Gerrard. Tacticamente perfeita, a equipa de Mourinho foi implacável no jogo defensivo (nomeadamente a anular o letal uruguaio Luis Suarez), tal como já o havia sido na deslocação a Madrid, para a primeira mão das meias-finais da Liga dos Campeões, frente ao Atlético, a meio da semana passada (0-0). Com uma posse de bola esmagadora (69% contra 31% na primeira parte; 73% contra 27% no final do encontro), o Liverpool quase nunca encontrava espaços para criar perigo junto da baliza do veterano australiano Mark Schwarzer. E nas poucas ocasiões em que contrariou esta lógica, o guarda-redes, de 41 anos, não desperdiçou a oportunidade de protagonismo que lhe foi aberta pela lesão do checo Petr Cech.

Com a partida já nos descontos, os “reds” tentaram o tudo-por-tudo para chegar ao empate, correram riscos e um novo erro dos homens da casa desfez quaisquer dúvidas que persistissem sobre o vencedor. Um segundo golo construído por dois jogadores lançados por Mourinho na segunda metade. Fernando Torres conduziu um contra-ataque, acompanhado por Willian. Sozinho perante Mignolet, o espanhol não foi egoísta e, à saída do guarda-redes belga, tocou para o brasileiro finalizar.

Estava confirmado um triunfo que veio baralhar as contas do campeonato. Não só recolocou o Chelsea na corrida, mas, e mais preocupante para o Liverpool, aumentou (e bem) as perspectivas de alcançar o título ao Manchester City. A equipa de Manuel Pellegrini (que cumpriu a sua obrigação, batendo fora o Crystal Palace, por 2-0), está a três pontos dos “reds”, mas tem uma partida em atraso. Já a equipa de Mourinho, diminuiu para dois pontos a distância para o primeiro lugar, mas continua dependente de resultados alheios.

Inquestionável é o talento inato do treinador português para os jogos grandes em Inglaterra. Frente às equipas do top-7 da classificação, só perdeu uma vez (em casa do Everton, por 1-0), vencendo oito encontros e empatando três. E nesta estatística fica bem patente a solidez defensiva do Chelsea: apenas cinco golos sofridos em 12 encontros (e 22 marcados). Conclusão: se os londrinos não alcançarem o título, a culpa será dos adversários mais modestos da tabela.

Atlético faz história

Se o Liverpool escorregou em Inglaterra, o Atlético de Madrid não tremeu em Espanha. Em vésperas de decidir com o Chelsea a passagem à final da Champions, os “colchoneros” foram ao terreno do Valência vencer com um golo solitário de Raúl Garcia, aos 43’.

Um triunfo que manteve a vantagem confortável da equipa treinada pelo argentino Diego Simeone na classificação e que possibilitou à equipa somar o melhor registo na liga do seu historial de 111 anos: 88 pontos.

Com os campeonatos a terminarem, vão surgindo os nomes dos novos campeões. Na Holanda, o Ajax, amealhou este domingo o 33.º título, depois de ter empatado no terreno do modesto Heracles Almelo (1-1). Na Turquia, foi o Fenerbahce a festejar o título.

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