Acabou e essa é a melhor notícia para o Brasil

Após o desastre contra a Alemanha, os brasileiros foram derrotados pela Holanda por 0-3 no jogo de atribuição dos terceiro e quarto lugares.

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Van Persie marcou o primeiro golo da Holanda VANDERLEI ALMEIDA/AFP

Os jogadores no túnel de acesso ao relvado do Estádio Nacional em Brasília pareciam transbordar confiança e o hino voltou a ser cantado com um orgulho que não se viu em nenhuma outra selecção, mas num ápice o Mundo voltou a desabar sob a selecção brasileira. Após a catástrofe contra a Alemanha, o Brasil aguentou três minutos sem sofrer golos contra a Holanda e os últimos 90 minutos da “canarinha” no Mundial 2014 voltaram a ser penosos. Sem honra e sem glória, Luiz Felipe Scolari e companhia despediram-se da prova com uma derrota (0-3) e uma boa notícia: acabou-se o suplício, não há mais jogos para os brasileiros.

Para uma equipa que já tinha necessitado de recorrer ao psicólogo antes do descalabro contra a Alemanha, não há dose de Xanax que valha a um golo aos três minutos, mas para este Brasil os problemas não se resolvem com conversas no divã. Scolari alterou mais de metade da equipa em relação ao jogo contra os alemães, mas mesmo sabendo que os níveis de confiança dos jogadores do Brasil neste momento estão ao nível do rating atribuído ao BES, ficou claro que esta “canarinha” não tem qualidade para esta “laranja”.

Ao contrário de Scolari, Louis van Gaal mexeu o mínimo possível na estrutura da sua equipa. Por vontade do agora ex-seleccionador holandês, a Holanda entraria em campo com apenas uma alteração em relação ao jogo contra a Argentina (Jordy Clasie no lugar de Nigel de Jong), mas a lesão no aquecimento de Wesley Sneijer privou o novo treinador do Manchester United do seu “10” e Jonathan de Guzmán voltou a ser titular neste Mundial.

No entanto, o figurino holandês, pouco fiel à herança de Cruijff, Neeskens, Gullit ou Van Basten, manteve-se. Com o quinteto defensivo habitual e dois médios de combate, van Gaal não abdicou da filosofia em que apostou desde o início (solidez defensiva) e, que em termos práticos, resultou em apenas 45 minutos de espectáculo no Brasil (a segunda parte contra a Espanha).

E num jogo onde havia de um lado uma equipa destroçada psicologicamente e do outro uma formação mais confortável a gerir resultados, um golo aos três minutos reforçou essas posições. Após mais uma arrancada imparável de Robben neste Mundial, Thiago Silva travou o holandês em falta fora da área e o árbitro argelino Djamel Haimoudi, provavelmente o pior em campo, cometeu um duplo erro: marcou penálti e não mostrou o vermelho ao defesa brasileiro. Na marcação, Robin van Persie fez o primeiro golo e a expectativa de ver o Brasil limpar a sua imagem ruiu.

Com a desvantagem, o descontrolo brasileiro que se tinha visto contra a Alemanha voltou a surgir e erros dignos de jogadores dos escalões infantis voltaram a suceder-se. Aos 16’, Júlio Cesar falhou após um cruzamento e David Luiz aliviou para a zona proibida: o centro da área. Com todo o tempo do Mundo, Daley Blind dominou com o pé esquerdo e com o direito colocou a bola no fundo da baliza. O Brasil só cinco minutos depois criou perigo para Cillessen, mas o terceiro lugar já estava entregue.

Mesmo com dois golos de vantagem e num jogo que valia pouco a nível desportivo, van Gaal nunca soltou a sua equipa das amarras tácticas e com um Brasil débil no ataque (Jô não é solução), os últimos 70 minutos do penúltimo jogo do Mundial 2014 tornaram-se soporíferos.

Com Scolari a mostrar pouco jogo de cintura no banco (soluções ofensivas não havia), voltou a ser Djamel Haimoudi a dar nas vistas (penálti por marcar a favor do Brasil aos 68’), mas no período de descontos Wijnaldum tornou a despedida brasileira ainda mais penosa ao fazer o 0-3. Hoje acaba o Mundial 2014. O Brasil agradece.
 
Ficha de jogo, estatística e comparação de jogadores

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