Hearts põe plantel inteiro à venda e não pode contratar

A atravessar grave crise económica, o clube escocês aceita vender qualquer jogador para sobreviver, mas por um preço razoável.

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O Hearts num jogo da Liga Europa frente ao Tottenham Reuters

Os sinais da crise económica do Heart of Midlothian, histórico do futebol escocês, estão à vista de todos. Na quinta-feira, o clube colocou todo o plantel à venda, anunciando que iria analisar e considerar propostas por qualquer jogador da equipa, como forma de injectar dinheiro nos seus depauperados cofres até que a nova temporada arranque em Agosto. E nesta secta-feira falhou o pagamento a tempo de todos os salários dos seus atletas, pelo que a Premier League escocesa revelou que o emblema de Edimburgo está impedido de inscrever novos jogadores, uma penalização que, de resto, já estava a sofrer devido a um incumprimento anterior relacionado com impostos.

O Hearts, como é conhecido o clube, referiu, contudo, que não venderá os seus jogadores a qualquer preço, esperando ofertas razoáveis. A equipa, em risco de declarar insolvência por ter dívidas de 29 milhões de euros, necessitará de 500 mil libras (cerca de 587 mil euros) para fazer face, até Agosto, às necessidades de tesouraria, que implicam o pagamento de salários e mais impostos. O clube conta receber um balão de oxigénio, por via de verbas que terá a receber de patrocinadores e da Premier League escocesa.

Segundo o Hearts, a falta de liquidez explica-se em parte pelo 10.º lugar no campeonato, a sua pior classificação desde 1981, e a diminuição da venda de lugares anuais. “Outros factores que afectaram as receitas foram a ausência do Rangers da Premier League e o aumento das despesas com o estádio”, defendeu num comunicado.

O Hearts já terá vendido cerca de 6500 lugares anuais para a próxima temporada, mas necessitaria de mais 2000 para solucionar os problemas imediatos de tesouraria. A equipa da capital escocesa tem, com a descida de divisão do Rangers, a segunda média mais alta de espectadores no campeonato escocês, com 13.163 espectadores por jogo, mas esse número tem vindo a cair progressivamente desde 2006-07, quando as bancadas do Estádio Tynecastle receberam quase 17 mil pessoas por encontro.

Campeão escocês quatro vezes, a última em 1959-60, e vencedor da Taça oito vezes, a mais recente em 2012, com o treinador português Paulo Sérgio no banco, o Hearts é um dos clubes que mais conseguiram furar o domínio de Celtic e Rangers, sendo vice-campeão também em 14 ocasiões. O Hearts e o rival Hibernian somam juntos oito títulos de campeão, o que faz de Edimburgo a segunda cidade com mais sucesso no futebol escocês, mas ainda assim a uma grande distância de Glasgow e dos seus 99 campeonatos, divididos por Rangers (54), Celtic (44) e Third Lanark (1).

Mas os problemas financeiros do Hearts têm sido recorrentes na última década e a entrada do milionário russo Vladimir Romanov em 2005, apesar das promessas, não inverteu significativamente a situação, com os salários a serem pagos com atraso em muitas ocasiões nos últimos anos.

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