Futebolistas e pescadores

O penúltimo classificado da Liga islandesa oferece um part-time aos seus jogadores fora do futebol.

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O plantel do Víkingur, que foi incapaz de impedir a despromoção DR

Durante mais de uma década, a maior parte dos adeptos de futebol só terá conseguido identificar um jogador islandês de relevo. Eidur Gudjohssen, avançado, andou por alguns dos maiores clubes da Europa, como o PSV Eindhoven, o Chelsea e o Barcelona, e, aos 35 anos, cumpre os momentos finais da sua carreira no Club Brugges, da Bélgica.

A grande referência actual do futebol islandês é Gylfi Sigurdsson, médio do Tottenham de Villas-Boas, e, em Portugal, há dois jogadores internacionais por este país nórdico, ambos no Belenenses, os médios Helgi Danielsson e Eggert Jonsson – o clube do Restelo até tentou explorar mais este filão, tentando contratar Gudjohnssen, mas não conseguiu.

Mais difícil será identificar algum clube islandês. A resposta que qualquer adepto dará à pergunta sobre qual será o maior clube da Islândia é Futebol Clube Reiquejavique e, mesmo sendo “ao calhas”, não andará longe da verdade, embora a sigla pelo qual é conhecido, KR, diz pouco sobre a sua localização.

O Knattspyrnufélag Reykjavíkur (FC Reiquejavique) é o actual campeão da Islândia, tendo conquistado na passada semana o seu 26.º título (o campeonato, de 12 equipas, disputa-se entre Maio e Setembro), mas tem pouca expressão no futebol europeu, nunca tendo passado da primeira ronda das provas da UEFA.

Mais conhecido dos portugueses será o Akranes, contra quem o Sporting conseguiu uma das suas maiores vitórias europeias. Na viagem à Islândia, para a primeira eliminatória da Taça UEFA em 1986-87, os “leões” venceram por 9-0, enquanto em Alvalade o triunfo foi por “apenas” 6-0. KR e Akranes estão em polos opostos do futebol islandês. O primeiro foi campeão, o segundo, que tem 18 títulos no seu historial, foi último e despromovido.

Na descida foi acompanhado pelo Víkingur Ólafsvík, que apenas se manteve uma época no primeiro escalão, depois de ter tido uma ascensão fulgurante, da terceira divisão à primeira em três anos, um feito incrível para o clube de uma localidade com apenas mil habitantes. Não será fácil atrair jogadores para esta pequena vila piscatória, mas o Víkingur até tem um plantel surpreendentemente internacional. Tem jogadores da Bósnia, da Eslovénia, do Togo, das Ilhas Feroé, da Croácia, da Polónia, da Letónia e da Espanha, que é o país mais representado nesta “Babel” nórdica, com cinco atletas.

Segundo conta ao jornal Marca Samuel Jiménez, um desses espanhóis, o dono da equipa oferece um suplemento de salário aos jogadores em troca dos seus serviços na sua frota pesqueira. “Alguns vão duas ou três vezes por semana para a faina para complementar o ordenado. Eu também fui, mas foi mais por diversão”, explicou Jiménez, que também jogou na equipa de futsal do Víkingur.

Planisférico é uma rubrica semanal sobre histórias e campeonatos de futebol periféricos

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