FC Porto estudou a fundo o manual de sobrevivência

“Dragões” resistiram a uma expulsão e a um penálti no último lance do jogo com o Boavista, segurando uma vaga nas meias-finais da Taça de Portugal. “Axadrezados” rubricaram uma excelente segunda parte.

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Miguel Riopa/AFP

Qualquer semelhança entre o Boavista-FC Porto do passado domingo e o desta quarta-feira será pura coincidência. Neste segundo round do derby portuense, agora a contar para os quartos-de-final da Taça de Portugal, os “dragões” voltaram a sair por cima (0-1), mas sofreram durante toda a segunda parte para segurarem a vantagem e um lugar nas meias-finais. E acabaram salvos por uma defesa de Helton a travar uma grande penalidade justamente no último lance da partida.

No FC Porto, Helton (na baliza), Evandro no lugar de André André (no meio-campo) e Varela em vez de Jesús Corona (na ala direita) protagonizaram as maiores alterações face ao jogo da 17.ª jornada do campeonato. Na baliza “axadrezada”, também Gideão foi rendido por Mika, sendo que a mexida que teve mais efeitos foi a introdução de Ruben Ribeiro no “onze”, uma estreia do reforço de Inverno que há largos anos fizera a formação no Bessa.

Como impunha a diferença de valor entre os dois plantéis, entrou o FC Porto a controlar, sem nunca arriscar em demasia. Como que à espera que o adversário se desgastasse fisicamente, os visitantes foram circulando a bola e acabaram por desbloquear o jogo aos 24’. Brahimi partiu para cima do lateral direito, entrou na área, simulou duas vezes uma incursão para o centro e acabou por seguir para a linha, desviando no momento certo a bola do alcance do guarda-redes Mika.

Tal como em tantas outras ocasiões na história recente do clube, era uma jogada individual a resolver. Só que, ao contrário do que sucedera há dias, também no Bessa, o FC Porto não aproveitou a vantagem para acelerar. Até porque o Boavista tinha a lição mais bem estudada, com um meio-campo operário e saídas mais cautelosas em posse.

Entre a lesão de Evandro (entrou Imbula aos 37’) e um cabeceamento de Marcano ao poste, correram os minutos até ao intervalo, altura em que Erwin Sánchez deverá ter explicado aos jogadores que era o momento do tudo ou nada. Mesmo limitada em termos de opções, a formação da casa teve o mérito de querer, a partir de então, pegar no jogo.

Subitamente, o FC Porto já não parecia tão capaz de fechar os espaços, mostrava dificuldades em lidar com as bolas longas direccionadas para Uche Nwofor (e mais tarde para Uchebo) e só conseguia sair da pressão quando os centrais, ou Danilo Pereira, arriscavam um passe a uma distância mais ambiciosa.

Uma tendência que se agravou aos 68’, quando Imbula, em noite infeliz, viu o cartão vermelho directo por uma entrada dura sobre Reuben Gabriel. O francês, há meses a carregar o estatuto de reforço mais caro da temporada (20 milhões de euros) sobrepôs-se muitas vezes ao espaço ocupado por Danilo e precipitou-se nas poucas ocasiões em que tentou sair a jogar. Pior, mesmo, só deixar a equipa em inferioridade numérica.

O treinador do Boavista arriscou, então, como podia: lançou Uchebo e Douglas Abner (já depois de ter feito entrar Zé Manuel), abriu a frente de ataque e manteve Ruben Ribeiro a cair nas alas, para provocar desequilíbrios, obrigando o FC Porto a recuar as linhas. Aos 86’, Helton provocou um calafrio aos adeptos “azuis e brancos” ao facilitar no jogo de pés, permitindo o roubo de bola de Uchebo, que não teve qualidade nem discernimento suficientes para concluir com êxito (Martins Indi salvou sobre a linha de baliza).

O guarda-redes do FC Porto levantou a mão em direcção aos companheiros, em jeito de desculpa, mas não tardaria a redimir-se em grande estilo. Quando o árbitro já se preparava para o apito final, Martins Indi carregou de forma extemporânea Douglas Abner na área, com um empurrão pelas costas. Aos 94’, caía do céu uma oportunidade de ouro para o Boavista levar a partida para o prolongamento.

O jovem Abner, inegavelmente um dos futebolistas mais dotados num plantel em que sobram limitações, especialmente na linha ofensica, pegou na bola. O experiente Helton pisou a linha de golo, abriu os braços e, como fez tantas vezes ao longo de uma longa carreira, esperou pelo último suspiro . Remate para o lado esquerdo, defesa a condizer, fim da eliminatória.

O FC Porto tem agora encontro marcado com o Gil Vicente, que será a última barreira entre os “dragões” e o regresso à final da Taça de Portugal, algo que não acontece desde 2011, ano da conquista do último troféu na competição. 

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