O benfiquista Alberto Augusto marcou o primeiro golo de sempre da selecção portuguesa de futebol. Nesse jogo, o primeiro da equipa nacional, disputado em Madrid e vencido pela Espanha (3-1), também actuou o seu irmão Artur Augusto, que ficou para a história do FC Porto como o primeiro a tornar-se internacional português ao serviço do clube. Mas também foi, ao que se sabe, o primeiro a trocar o Benfica pelo FC Porto, em 1921, quando ainda não existia uma liga nacional. Ontem, foi oficialmente confirmada a última mudança entre os clubes: Maxi Pereira, referência das "águias" nos últimos oito anos, assinou contrato por três anos com os "dragões" e já se juntou aos seus novos colegas na Holanda, onde os "azuis e brancos" realizam o estágio de pré-época.

"Pela sua dedicação e entrega, é um jogador à Porto", disse Pinto da Costa, citado pelo site dos portistas. O presidente do clube portuense considera o novo reforço um "jogador de classe média/alta" e afirmou que este encaixa perfeitamente no clube. "Com a saída do Danilo abriu-se uma vaga e não o podíamos substituir com um jogador qualquer. Pelo seu perfil, pela sua forma de jogar e pela sua entrega total à camisola que veste, era o ideal".

Não é normal um jogador passar directamente de um grande para outro em Portugal. Mas Artur Augusto e Maxi não são exemplos únicos na direcção Benfica-FC Porto. Curiosamente, o defesa que brilhou nos anos 20 do século passado, voltou mais tarde ao Benfica – tal como aconteceu com Rui Águas, outra mudança mediática. Antes de Maxi, Sokota e Cristian Rodríguez foram os jogadores mais recentes a mudarem-se da Luz para o Dragão.

Na perspectiva portista destas trocas, o jogador que claramente obteve maior sucesso foi Maniche, que viria a ser peça fundamental em vários títulos, incluindo a vitória na Liga dos Campeões de 2003-04.

A contratação de Maxi Pereira, devido ao estatuto que obteve no Benfica, começou por parecer improvável até a Pinto da Costa. "Sinceramente, nunca tive grande fé que fosse possível. Quando ele mostrou disponibilidade para vir para o FC Porto, entrei em acção e dei corda para que se pudesse concretizar o acordo".

O uruguaio, que terminou o contrato com o Benfica e chegou a custo zero, realizará hoje o primeiro treino no FC Porto. A equipa reservou-lhe a camisola 2, um número com peso no clube, pois já pertenceu a jogadores como João Pinto, Jorge Costa ou Bruno Alves.

Ao Porto Canal, o lateral de 31 anos disse estar "muito contente" por fazer parte da equipa e assumiu o desejo de voltar a ser campeão. "Venho com vontade de treinar. Esperamos o melhor para a equipa, quero integrar-me no grupo e ser mais um a trabalhar no duro para chegar ao objectivo, que é ser campeão", referiu o defesa, que acrescentou esperar um campeonato muito disputado. O primeiro reencontro de Maxi com o Benfica está marcado para o fim-de-semana de 19 e 20 de Setembro, quando o bicampeão visitar o Dragão, logo na 5.ª jornada.

Também Julen Lopetegui se mostrou muito satisfeito por poder contar com o lateral. "É um jogador que tem um carácter fantástico, que me encanta como jogador e que está na sua plenitude. Surgiu a oportunidade de o contratar e não hesitámos nem um segundo", afirmou o treinador.

Moutinho e Casillas

O dia em que também se voltou a falar com alguma insistência da possibilidade de João Moutinho regressar ao Dragão, por empréstimo do Mónaco, foi ainda igualmente marcado pela estreia de Iker Casillas com o equipamento de treino do FC Porto. O espanhol é um de cinco guarda-redes no estágio, juntando-se a Helton, Ricardo, Gudiño e Andrés Fernández.