Foi uma das últimas perguntas que fizeram a David Beckham na conferência de imprensa de apresentação do britânico como jogador do Paris Saint-Germain até ao final da época. “Vai ser o jogador mais velho da equipa e o mais velho da Liga francesa. Como se sente?”, perguntou-lhe um jornalista francês. “Obrigado por me lembrar que já tenho 37 anos”, respondeu Beckham meio sorridente. “Estou feliz por estar em Paris. Espero poder dar conselhos aos mais novos. Apesar da idade, ainda me sinto com 21 anos. Na maior parte dos dias.”

Esta quinta-feira fica marcada por ser o “dia um” de Beckham em Paris, que é todo um acontecimento mediático muito para lá do significado desportivo, como já havia sido em Madrid, quando assinou pelo Real, ou em Los Angeles, quando chegou aos Galaxy, ou nas vezes em que foi para o AC Milan. Por agora, Beckham vai passear o seu glamour durante alguns meses na capital francesa, mas desde já cala aqueles que dizem que vai pelo dinheiro que lhe iriam pagar os donos do Qatar. Beckham não vai receber salário. Ou melhor, vai doá-lo a uma instituição de caridade.

“Não vou receber salário, vai para uma instituição de caridade de crianças em Paris. Não está decidido para quem será, nem quanto, mas será um bom valor”, garantiu o ex-jogador do Manchester United e do Real Madrid, que escolheu o milionário clube parisiense como destino seguinte da sua carreira, após seis anos no futebol norte-americano, apesar de outras ofertas que teve.

“Tive mais ofertas agora do que em toda a minha carreira. Sinto-me honrado por isso. Vejo o que o clube está a tentar fazer. Paris é uma cidade entusiasmante. Sempre foi e sempre será. O clube vai ter muito sucesso em dez ou quinze anos. Eu não vou jogar esse tempo, mas fazer parte de algo que está a crescer é entusiasmante”, explicou Beckham, perante uma plateia repleta de representantes da imprensa internacional.

Beckham vai usar o número 32 da formação parisiense orientada pelo italiano Carlo Ancelotti e que já conta com uma impressionante colecção de “estrelas” do futebol mundial, como Zlatan Ibrahimovic, Thiago Silva, Javier Pastore ou Lucas Moura. O avançado sueco é a “estrela” da companhia e Beckham mostra-se entusiasmado com a perspectiva de voltar a jogar ao lado de “Ibra”, depois de ambos terem coincidido no AC Milan. “Sempre achei que ele podia ser um dos melhores e tem-no provado ao longo da carreira. É um jogador especial e precisamos de jogadores como ele, que jogam com paixão. Vi muitos jogos do PSG da última época e desta e acho que há muito talento nesta equipa”, frisou o britânico.

Beckham diz que vai estar pronto para jogar em poucas semanas. “Não sei quando poderei jogar. Isto aconteceu à uma da manhã e ficou finalizado às 11h. Tenho treinado no Arsenal e não vai demorar muito a ficar em forma. Não estarei pronto para jogar na próxima sexta, mas daqui a umas semanas já estarei em condições”, garantiu o britânico, que ainda não decidiu sobre se irá viver num hotel ou se vai ter uma casa em Paris: “Será mais fácil ficar num hotel, mas ainda não decidi. O que for mais fácil para mim e para a minha família.”

Nesta sua primeira experiência no futebol francês, Beckham garante que sempre considerou as equipas francesas como adversários complicados: “Joguei muitos anos na Europa. Os jogos mais difíceis eram com as equipas francesas. Quando estava no Real Madrid, os jogos com o Marselha e o Lyon eram muito difíceis. Esta Liga está cheia de talento, a primeira metade está muito equilibrada. É uma Liga difícil. Vai ser um desafio, e eu gosto de desafios.”

Sobre se este será o último contrato da sua carreira, Beckham não disse nem que sim, nem que não. “Quando fui para os Galaxy, fizeram-me a mesma pergunta. E eu fiquei lá seis anos.”