Candidatos à presidência do Sporting escondem investidores

Carlos Severino, Bruno de Carvalho e José Couceiro dizem ter condições para resolver problemas de tesouraria do clube, mas não revelaram nomes.

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Nem Carlos Severino, nem Bruno de Carvalho, nem José Couceiro revelaram os nomes dos investidores que têm prontos para entrar na SAD do Sporting caso vençam as eleições para os órgãos sociais do clube, agendadas para o próximo sábado. Num debate promovido pela SIC Notícias nesta terça-feira, os três candidatos disseram ter soluções para resolver os problemas imediatos de tesouraria e que estas terão sempre de passar por um diálogo com os credores, mas guardaram segredo quando a futuros parceiros num eventual aumento de capital da sociedade.

“O Sporting precisa de um plano rigoroso. Fizemos uma apresentação aos parceiros financeiros e bancários, estão asseguradas as questões prementes de tesouraria e vamos conseguir ter um processo de reestruturação da dívida. O plano financeiro está preparado para dar dividendos dentro de alguns anos”, garantiu Bruno de Carvalho, líder da Lista B, que não admite a possibilidade de o clube deixar de ter o controlo da SAD e, ao contrário do que fizera nas anteriores eleições, não revela quais serão essas parcerias: “Há dois anos apresentei investidores e a nacionalidade transformou-se num adjectivo. Não vou dizer a nacionalidade, tudo terá de ser aprovado pelos sócios.”

Pelo contrário, José Couceiro encara a perda da maioria de capital como uma possibilidade, embora refira que esse não é o cenário mais desejável. “O Sporting está numa situação crítica. Não tem capacidade para acompanhar esse aumento de capital. Admito essa possibilidade, em que exista um acordo parassocial, em que as partes têm algumas obrigações, e em que o Sporting tem direito de recompra”, frisou o candidato da Lista C, revelando que os seus investidores serão estrangeiros. “O que é importante é que haja capital, se vamos para a insolvência, toda a gente perde. O Sporting pode manter a maioria com a dispersão de capital, mas isso não é fácil”, acrescenta.

Quanto a Carlos Severino, da Lista A, revelou um pouco mais sobre as entidades financeiras com quem contactou para investir na SAD “leonina”, dizendo que existem um banco inglês e um banco holandês “a estudar a possibilidade de investir”, mas que só diz quem são depois das eleições. O antigo jornalista garantiu, no entanto, que o plano que apresentou ao Banco Espírito Santo foi muito elogiado. “O BES diz que o que estamos a apresentar é o mais correcto, vamos propor aumento de prazos, redução de ‘spreads’, redução de orçamento, com todas as consequências que isso possa trazer”, garantiu Severino, falando ainda da parceria que tem apalavrada com a empresa de Johan Cruyff para meter dinheiro no clube através do investimento nas carreiras de jovens jogadores.

Na vertente do futebol, todos os candidatos defendem a necessidade de o clube apostar nos jogadores formados na Academia de Alcochete e nenhum deles admitiu a possibilidade de vender jogadores só para pagar os problemas de tesouraria, tal como Godinho Lopes, o presidente em exercício, revelou há poucos dias. “No Sporting isso vai acabar, não apenas por uma questão de orgulho. Cada vez que isso acontece, é estar a vender a saldo”, disse Bruno Carvalho.

Quanto a Couceiro, falou da formação como parte da identidade do Sporting e a necessidade de realizar mais-valias com a venda dos maiores talentos: “Nos últimos tempos, a formação tem estado a falhar. Com a montra da equipa principal, temos de estar preparados para perder alguns jogadores com maior potencial. É fácil chegar ao Sporting com dinheiro e sem conhecimento”, frisou o candidato.

Severino garantiu que vai baixar o orçamento do futebol para metade e falou da necessidade de criar uma equipa C “para dar sustentabilidade” aos jogadores da formação. “Vamos ter um plantel com 25 jogadores, com 20 da formação e mais uns reforços cirúrgicos que não vão ser Bojinovs nem Pongolles”, reforçou, mostrando-se ainda preocupado com a importância dos fundos de jogadores no clube: “O Sporting teve uma receita de 14 milhões. Perguntei a Filipe Nobre Guedes e ele disse que vinham de fundos. Presumo que os mais valiosos foram vendidos a fundos. Perguntei se o Rui Patrício estava vendido a um clube, disseram que não e não tive resposta quando perguntei se tinha sido vendido a um fundo.”

Quanto ao futuro da actual equipa técnica liderada por Jesualdo Ferreira, tanto Bruno de Carvalho como José Couceiro mostraram vontade de manter o experiente treinador. “Estamos satisfeitos com a evolução que a equipa tem tido. Há confiança no trabalho dele, é o meu treinador para um projecto de futuro”, referiu Couceiro. “Não há nenhuma incompatibilidade do nosso projecto com Jesualdo Ferreira”, referiu, por seu lado, Bruno de Carvalho.

No que diz respeito às restantes modalidades, Carlos Severino manifestou o desejo de fazer regressar o ciclismo ao Sporting, acrescentando que vai procurar junto dos sócios o financiamento para a construção de um novo pavilhão. Bruno de Carvalho diz que a sua direcção irá apoiar a construção de um novo pavilhão ao lado do estádio e as modalidades, mas que estas têm de ser “auto-sustentáveis e com base na formação”. Couceiro garante, por seu lado, que “não irá deixar cair nenhuma modalidade”, apoiando também a construção de um novo pavilhão.

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