Bruno de Carvalho assume título de campeão de futebol como objectivo do mandato

"Auditoria mostrará se fomos o clube mais azarado do mundo ou se houve realmente gestão danosa", diz presidente do Sporting.

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Bruno de Carvalho falou pela primeira vez na conquista do título Nuno Ferreira Santos

O presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, assumiu a conquista do título de campeão português de futebol como o seu principal objectivo até ao final do mandato, em entrevista publicada nesta quarta-feira.

“Sinceramente, quando acabar o meu mandato, um dos factores de relevância será ser campeão nacional de futebol. De resto, graças a Deus, temos feito um bom trabalho, agora é só mantê-lo. Temos um clube equilibrado e temos uma equipa de trabalho boa. Não quero, como sportinguista, estar aqui quatro anos em que não possamos todos sair daqui com um título”, revelou Bruno de Carvalho, em entrevista ao Jornal de Negócios.

O dirigente reconheceu que o Sporting “tem de ocupar o seu lugar”, lembrando que, como presidente do clube, não tem “paciência para esperar anos e anos” para aquilo que tem de ser um objectivo, que é voltar a comemorar o título de campeão nacional.

Bruno de Carvalho quer que o Sporting conquiste novamente “um lugar no topo do futebol nacional”, considerando que há clubes que estão a ocupar o espaço que os “leões” querem voltar a ter, e admite que o clube leonino “não precisa de criar relações hostis com ninguém para chegar aos seus objectivos, mas também não fica calado quando pretendem criar situações hostis”.

O presidente leonino lembrou a existência de um pacto de não agressão entre os presidentes de Benfica, FC Porto e Sporting para que se “consigam entender” quando questionado sobre uma aliança entre os dois clubes de Lisboa contra os portistas, afirmando que tal não faz sentido “pois não há um primeiro lugar mútuo”, já que “quem quer estar em primeiro não se alia a ninguém, tem é de deixar os outros para trás”.

Na entrevista, que assinala os seus seis primeiros meses de mandato, Bruno de Carvalho assumiu ainda que o aumento de capital de 18 milhões está “atrasado”, mas salientou que tal facto não tem “prejudicado em nada” e lembrou que o clube precisa de fazer uma “reestruturação” que implicava “uma fusão da Sporting Património e Marketing na SAD”.

“Da Holdimo, passar de crédito para capital [20 milhões de euros] e de [aumento de capital de] 18 milhões. O Sporting está a tratar de assuntos que envolvem as Finanças, temos alguns pedidos relativamente a IMT e imposto de selo, por causa destes processos de fusão. Quanto tivermos a resposta daremos andamento ao processo de fusão e aumento de capital. E eu apresentarei os investidores dos 18 milhões”, garantiu.

No final da reestruturação que Bruno Carvalho pretende fazer em Alvalade, o Sporting ficará com uma dívida total de 206 milhões de euros [contra os 354 milhões anteriores] em termos de grupo, dos quais uma divida à banca de 160 milhões no total do grupo [na SAD são 90].

O presidente avançou ainda que o clube gastou nos últimos anos entre 40 a 45 milhões em contratações, com comissões que rondaram os 15 milhões “não incluídas no custo dos jogadores” e que ainda ninguém do clube lhe explicou o porquê.

“O Sporting pagava comissões de tudo. Se fazia compras ainda pagava adicionalmente uma comissão, se fazia vendas – e aí faz todo o sentido – pagava uma comissão, muitas vezes também poderia pagar uma comissão sobre os próprios ordenados”, explicou.

Bruno de Carvalho considerou que há clubes que têm passivos “grandes” para aquilo que são as suas receitas, adiantando que talvez seja necessário “regulamentar tudo” de forma a “dar transparência” aos negócios.

Quanto ao panorama do futebol português, Bruno de Carvalho considerou que “está mal, porque falta coragem para haver algumas regulamentações”, no âmbito do profissionalismo na arbitragem, sublinhando que enquanto isso não acontecer “não vai ser fácil (…) dar um pulo”.

O dirigente “verde e branco” escusou-se a comentar casos de corrupção no Sporting, lembrando que quer “trazer tranquilidade ao clube”, admitindo apenas, como sportinguista que “se não houve negligencia e gestão danosa foi um azar muito grande do Sporting”, justificando a realização de uma auditoria.

“Vamos ter de ver com a auditoria de gestão se fomos o clube mais azarado do mundo ou se houve realmente gestão danosa. Porque, para termos chegado onde chegámos, aconteceu alguma coisa, Não foi a instituição em si que definhou, foram as pessoas que cá estiveram que foram dando ‘inputs’ à própria instituição”, acusou.

O dirigente admitiu ainda que mudou as relações com a banca, não negando, no entanto, “tensões durante as negociações” que foram ultrapassadas quando os responsáveis tomaram consciência que quem mandava no Sporting seria ele próprio.

O presidente do Sporting justificou ainda o despedimento de 60 pessoas com a necessidade de fazer uma reestruturação de custos, lembrou que quer negociar o nome do estádio e revelou que as modalidades “não são rentáveis”.

Bruno de Carvalho explicou ainda que a sua gestão foi diferente das anteriores, já que não tratou uma reestruturação como “um mero quadro Excel”, afirmando que não foi possível “fechar uma renegociação” em que não tenha acreditado.

“Eu não vou assinar absolutamente nada que não acredite que vou fazer. Isso foi das grandes mudanças que se fez e é por isso que a reestruturação está a correr bem. Porque pela primeira vez não impuseram uns papéis que estavam a ser elaborados, mas foi o próprio Sporting que liderou um processo que envolveu também, como é lógico, as entidades credoras”, sublinhou.
 

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