Bolt volta a mostrar que é candidato sério ao Rio de Janeiro

Com o tempo final de 9,88s nos 100m, o jamaicano registou a sua melhor marca neste ano.

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Blake, Bolt e Powell em Kingston Gilbert Bellamy/Reuters

Usain Bolt voltou aos meetings na madrugada deste domingo em Kingston, capital da Jamaica, e as coisas correram de novo bastante bem para o fenómeno do atletismo mundial. A reunião era novinha em folha, o Racers Grand Prix, com grande parte da elite jamaicana a alinhar na velocidade, acompanhada por alguns bons americanos e caribenhos (e raros europeus), e Usain Bolt acedeu a enfrentar nos 100m Yohan Blake, em tempos considerado seu delfim, campeão mundial do hectómetro em 2011, e Asafa Powell, antigo recordista mundial do hectómetro e neste ano medalhado nos Mundiais de pista coberta.

Alinhou mesmo entre eles, na pista quatro, com Blake de verde ao seu lado direito, e Powell de azul escuro à esquerda. Voltou a não partir bem, em todo o caso pior que os dois rivais, mas aos 60m já estava a par deles para depois se impor com naturalidade e controlo total. O tempo final de 9,88s é o melhor do ano para ele e só fica atrás, em termos mundiais, dos 9,86s do recorde europeu igualado pelo francês Jimmy Vicaut, há quatro dias, em Montreuil.

Comparativamente com o ano passado, quando tudo desembocou na dificílima vitória de Bolt sobre Justin Gatlin nos Mundiais de Pequim, por um centésimo, o jamaicano parece mais forte e com maior margem de progresso. Tudo aponta para que possa com credibilidade tentar o “impossível”, uma terceira dupla vitória olímpica em 100 e 200m, no Rio de Janeiro. Mesmo que só chegasse a um terceiro título no hectómetro, já entraria em campo inédito, e não deixa de ser curioso que tenha sido no meeting deste domingo que surgiu um velocista que lhe pode dificultar seriamente a vida nos 200m. Miguel Francis, alto, algo desengonçado e de apenas 21 anos, deu um recital face à elite jamaicana, ganhando com três metros de vantagem em 19,88s, um novo recorde nacional de Antigua e Barbuda, que o coloca em terceiro na lista mundial do ano.

O meeting ainda teve um duelo que vai começando a ser clássico, entre dois dos três maiores quatrocentistas da actualidade: o americano LaShawn Merritt e o sul-africano Wayde van Niekerk. A corrida disputou-se na raramente abordada distância de 300m e van Niekerk ganhou e com grande classe e clareza (31,03s contra 31,23s), dando um sinal importante de que quererá juntar o título olímpico ao mundial que conseguiu no ano passado, em Pequim. Faltaram só quatro centésimos para van Niekerk conseguir superar outra barreira, a dos 31 segundos.

Fala-se sempre da tripla vitória que Bolt quer alcançar no Rio, mas convém não esquecer que outra jamaicana, Shelly-Ann Fraser-Pryce, vai tentar lá também um igualmente inédito terceiro título olímpico seguido nos 100m. Neste domingo, Shelly-Ann venceu, mas com sérias dificuldades face à campeã mundial dos 60m em pista coberta, a americana Barbara Pierre (11,09s a 11,11s), que só cedeu nos 5 metros finais.

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