A reconstrução do Benfica continua no bom caminho

“Encarnados” goleiam o Vitória de Setúbal e assumem liderança provisória da Liga. O brasileiro Talisca marcou três golos.

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Foto: Francisco Leong/AFP
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Depois de uma pré-época em que as dúvidas eram tantas como as derrotas, eis que o Benfica vai provando que a reconstrução para uma época com ambições é apenas uma questão de tempo e isso ficou bem vincado no Bonfim. Num terreno onde Jorge Jesus costuma ser feliz, os “encarnados” triunfaram por 5-0 frente ao Vitória de Setúbal, em jogo que abriu a 4.ª jornada da Liga portuguesa, e assumiram a liderança provisória, com dez pontos, à custa de uma formação sadina que pareceu dar alguma luta nos primeiros minutos, mas que nunca teve uma defesa à altura.

No dia em que anunciou a contratação de um novo avançado, o brasileiro ex-Valência Jonas, o Benfica mostrou vocação ofensiva, alimentada pelos homens das alas, Salvio e Gaitán, mais o pé esquerdo de Talisca, que começa a fazer estragos no campeonato português. Mas também ajudou a integração no “onze” do grego Samaris, um trinco com bons pés, para além da capacidade física. Jesus parece cada vez mais próximo da sua fórmula ideal. Talvez a equipa fique mesmo no ponto quando Júlio César entrar para a baliza, mas o internacional brasileiro não está em condições físicas e o contestado Artur vai jogando. Nesta sexta-feira, não brilhou, nem comprometeu.

O jogo começou praticamente com um cartão amarelo a Eliseu por falta sobre Manu, aos sete segundos — dificilmente haverá um amarelo mais rápido neste campeonato. O livre era à entrada da área e podia levar perigo à baliza do Benfica, mas nada aconteceu. O Vitória de Domingos Paciência parecia entrar com vontade de causar problemas ao campeão nacional, mas bastou que o Benfica chegasse por uma vez perto da área contrária para fazer o marcador funcionar. Salvio, talvez o verdadeiro “reforço” desta equipa depois de quase uma época em branco, aparece isolado e, de fora da área, arranca um remate que não dá quaisquer hipóteses ao alemão Lukas Raeder.

O Benfica marcava no seu primeiro remate e estavam lançadas as bases para a goleada. Os homens da casa até reagiram bem, com posse de bola e boa movimentação no ataque e podiam ter chegado ao golo aos 19’, numa desmarcação de Giovani, que se antecipa aos centrais do Benfica, mas a jogada é interrompida por um fora-de-jogo mal assinalado pela equipa de arbitragem liderada por João Capela — Luisão estava a colocar em jogo o avançado do Vitória, que ficava em posição privilegiada para fazer o empate.

Esta oportunidade anulada foi o melhor que o Vitória conseguiu fazer no jogo. Depois, praticamente só deu Benfica, com uma inesperada inspiração goleadora de Talisca, o jovem médio ofensivo que veio do Bahia e que Jesus tem colocado a jogar ao lado de Lima. A destruição definitiva do Vitória aconteceu em poucos minutos, graças à pontaria de Talisca e à incapacidade defensiva dos homens de Domingos.

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Aos 38’, Advíncula transforma uma jogada de fácil resolução numa oportunidade de golo. Em vez de despejar a bola para fora da área, o lateral peruano coloca-a à mercê de Talisca, que faz o 2-0 sem dificuldade. Aos 43’, um livre do médio brasileiro ultrapassa uma deficiente barreira e entra mais uma vez na baliza de Raeder. Ainda nem se tinha chegado a metade do jogo e já não havia dúvidas sobre quem iria ganhar. O Benfica já podia baixar o ritmo, a pensar no jogo com o Zenit, da próxima terça-feira, para a Liga dos Campeões. E nem forçou demasiado. Mas as bolas continuaram a entrar.

Talisca voltaria a marcar, já na segunda parte, aos 55’, na recarga a um primeiro remate de Salvio que foi mal defendido por Raeder. Num jogo de sentido único, quem continuava em branco era Lima, que ainda não marcou qualquer golo nesta época, apesar de ter tentado por várias vezes. Até deu para Jesus descansar alguns jogadores e dar minutos a outros menos utilizados, como o estreante Cristante e o extremo Ola John.Foi, aliás, o jovem holandês a fechar a contagem aos 76’, beneficiando de mais um erro de Raeder.

No Bonfim, o Benfica marcou mais golos do que em todos os outros jogos já realizados nesta época e provou que as vozes que anunciavam a “morte” de um candidato ao título eram manifestamente exageradas.

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