Mais do que um susto, uma lição

Benfica segue em frente na Liga Europa, após empate (2-2) com o Tottenham, mas esteve bem perto de ter de disputar um prolongamento.

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O primeiro golo do Benfica na Luz Francisco Leong/AFP

Diz muito de uma equipa, das suas aspirações e expectativas, quando o seu treinador, no segundo jogo de uma eliminatória europeia, não está sequer no banco. Tim Sherwood ficou na bancada e deixou a orientação do Tottenham para um dos seus adjuntos. Nem sequer permitiu a si próprio a possibilidade de mostrar a Jorge Jesus, como tinha dito na conferência de imprensa, cinco dedos (ou um) caso a sua equipa conseguisse o apuramento para os quartos-de-final. Não conseguiu, mas não esteve longe. Depois do triunfo por 3-1 em Londres, o Benfica seguiu para a ronda seguinte da competição com um empate (2-2) na Luz, mas não sem ter sofrido um enorme susto perante uma equipa londrina que mostrou mais alma nos últimos 15 minutos do jogo na Luz do que em toda a eliminatória.

Sherwood, o substituto de André Villas-Boas no banco dos spurs, passou os 90 minutos na bancada VIP, como que resignado com o desfecho desta eliminatória, praticamente decidida pelos “encarnados” em White Hart Lane, contribuindo para a sensação de que este Tottenham que visitava a Luz era uma equipa desmoralizada, para além de fragilizada pelas ausências de muitos dos seus melhores jogadores.

Jorge Jesus, pelo seu lado, não deixou de se mostrar eléctrico no banco do Benfica, apesar de ter mais razões que Sherwood para estar tranquilo.

Como tem feito nos jogos de todas as competições que não a Liga portuguesa, Jesus apresentou uma equipa a pensar no jogo deste fim-de-semana com a Académica, ou seja, manteve apenas o guarda-redes e a defesa, e mudou tudo o resto.  Quase em ritmo de treino, os “encarnados” fizeram uma gestão controlada dos espaços, confiando, sobretudo, na sua eficácia defensiva para travar as iniciativas incipientes dos londrinos. O Benfica, pelo contrário, quase marcou logo aos 9’, quando Luisão cabeceou por cima a passe de Garay, seu parceiro da defesa.

Lennon, Towsend e Chadli bem tentavam fazer alguma coisa pelo Tottenham, mas não o suficiente para dar algum trabalho a Oblak. Na outra baliza, o veterano norte-americano Brad Friedel (que tem praticamente o dobro da idade de Oblak) viu, aos 34’, Garay a cabecear na pequena área para o 1-0 após cruzamento de Salvio, a provar que os centrais goleadores estão na moda para os lados da Luz.

Mais um golo na eliminatória e mais um motivo para o Benfica reforçar a sua gestão de esforço. Mas isso quase foi a perdição “encarnada”. Os spurs tiveram mais iniciativa e, sobretudo após a entrada de Eriksen, começaram a aproveitar o modo relaxado dos “encarnados”.

Em dois minutos (78’ e 79’) os londrinos relançaram a eliminatória, com dois golos do jovem belga Chadli, a aproveitar os espaços que o Benfica dava por pensar que o adversário já não iria lá. E os londrinos acreditaram ainda mais. Já em tempo de compensação chegaram duas vezes perto do golo, com Oblak a defender os remates de Sigurdsson e Kane.

Um golo inglês e haveria, pelo menos, mais 30 minutos de jogo. Num momento em que o Benfica conseguiu respirar, Lima foi à frente, foi derrubado por Sandro e marcou o correspondente empate. Apuramento garantido e estragos minimizados, mas o jogo desta quinta-feira foi a prova de que há uma lição que o Benfica precisa de aprender outra vez, não dar nada por garantido. O final da época passada não foi assim há tanto tempo.

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