BATE Borisov: o milagre do clube de uma fábrica de tractores

Vitória sobre o Bayern Munique, em 2012, é o ponto alto desta equipa bielorrussa na Europa.

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A festa dos jogadores do BATE Borisov e o desalento dos do Bayern Foto: Vasily Fedosenko/Reuters

Há dez anos poucos seriam aqueles que já tinham ouvido falar de um clube da Bielorrússia chamado BATE Borisov. Durante muito tempo não passou de um modesto frequentador de ligas inferiores da antiga URSS, apoiado por uma fábrica que ajudava a equipa com o campo de treinos, autocarro e pouco mais.

BATE é o acrónimo de Fábrica de Automóveis, Tractores e Equipamentos Eléctricos da cidade de Borisov, a cerca de 70km da capital, Minsk, por onde passaram as derrotadas tropas de Napoleão na retirada da Rússia, em 1812.

O Dínamo, que chegou a ser campeão soviético antes da independência, ainda mandou nos primeiros campeonatos da Bielorrússia, mas a partir de 2006 o domínio do FC BATE Borisov mudou completamente o cenário. Este clube foi reactivado em 1996 e em 16 anos tornou-se a principal referência do futebol bielorrusso. Passaram por lá Aleksander Hleb, com experiências no Arsenal e no Barcelona, Kutosov, que jogou no Sporting, e o brasileiro naturalizado bielorrusso Renan Bressan, um dos melhores marcadores da equipa, contratado nesta época pelo Rio Ave.

Viktar Hancharenka, um bielorrusso, o mais jovem técnico de uma equipa da Liga dos Campeões, que tinha acabado a carreira de jogador aos 25 anos, devido a lesão grave, estruturou a equipa à base da selecção de Sub-21, com gente que não se cansava das vitórias, perigosa se lhe davam espaços, conseguiu a proeza de levar um grupo de desconhecidos à fase de grupos em 2008, ao lado de históricos como Real Madrid e Juventus, e em 2011 cortejou Barcelona e Milan.

Os empates com os italianos de Milão e Turim (1-1 e 2-2) foram muito festejados mas o grande momento de glória chegou em 2012, quando ganhou ao Bayern Munique por 3-1. O Benfica já tinha feito parte do elenco dos seus adversários ilustres, em 2009, mas derrotou-o em dois jogos da Liga Europa por 2-0 e 2-1 com os golos de Nuno Gomes e Cardozo, em Lisboa, e de Saviola e Coentrão, em Minsk.

Apesar da sequência ininterrupta de oito títulos e a presença regular em taças europeias, a verdade é que o falhanço de 2013 no caminho para a Liga dos Campeões, provocado pela desconhecida equipa do Shakhter Karagandy, do Cazaquistão, significou o fim da ligação de Viktar Hancharenka ao BATE. Ainda antes de o campeonato terminar, rumou ao Kuban Krasnodar, na Rússia, e a vaga foi ocupada pelo seu adjunto Alyaksandr Yermakovich, também antigo companheiro de equipa.    

O agora designado FC BATE Barysaw vai participar pela quarta vez na Liga dos Campeões sem necessidade de viajar até Minsk como nas presenças anteriores. Já estreou um novo estádio, não muito caro nem demasiadamente grande mas que pode ser utilizado para jogos internacionais. A Borisov Arena tem 13.126 lugares, foi inaugurada recentemente e o Nacional da Madeira jogou lá em Agosto, com o Dínamo de Minsk.

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