Ausência de Fernando Santos no banco “não é uma situação ideal”

Castigo “é ultrapassável tendo uma pessoa da sua confiança”, salienta Tomaz Morais.

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Na bancada ou no banco, o treinador desempenha o seu papel Tiago Machado

A suspensão de oito jogos aplicada pela FIFA a Fernando Santos, na sequência de incidentes protagonizados pelo técnico ao serviço da selecção grega, nos oitavos-de-final do Mundial 2014, pode impedi-lo de comandar Portugal nos primeiros jogos ao leme da equipa nacional. A ausência de Fernando Santos no banco de suplentes não é o cenário ideal para a estreia ao serviço da selecção portuguesa, mas o director técnico nacional da Federação Portuguesa de Rugby (FPR), Tomaz Morais, notou ao PÚBLICO que no râguebi é normal o líder da equipa técnica não estar junto ao relvado. E disse que a situação é ultrapassável com boa preparação, planeamento e a presença de uma pessoa da confiança de Fernando Santos no banco.

“Não me parece uma situação ideal, mas quem aceitou sabe disso. E este tempo pode passar rápido. Tendo uma pessoa da sua confiança, a situação é perfeitamente ultrapassável, havendo boa preparação e planeamento”, disse Tomaz Morais, acrescentando: “Os futebolistas estão habituados à presença disciplinadora do treinador junto do relvado. Mas se fôssemos jogar um Campeonato da Europa ou do Mundo seria um problema maior.”

Tomaz Morais já viveu as duas experiências e até prefere estar longe do relvado. “Na selecção de sevens o seleccionador está no relvado e vai participando activamente no jogo. Mas na selecção de XV o seleccionador está no camarote e a intervenção é feita via rádio, através de um assistente. A comunicação é indirecta. No râguebi habituamo-nos a montar o jogo, mas depois o jogo é dos jogadores”, sublinhou.

Neste processo, salientou o director técnico nacional da FPR, o capitão da equipa tem um papel essencial. “O capitão é uma voz activa, muito importante para o treinador. No râguebi, o capitão tem uma importância em termos estratégicos maior do que no futebol. É um decisor estratégico. Não retira importância ao treinador, mas permite que o seleccionador analise o jogo de forma fria, numa posição privilegiada”, apontou Tomaz Morais. E confessou: “Em termos de tomada de decisões gosto mais de estar no camarote. Mas também já senti que a minha presença junto ao banco passou uma energia positiva em jogos de maior exigência.”

As diferenças, porém, estão a esbater-se: “O espectáculo-futebol habituou-se a que o treinador seja um protagonista do jogo, às vezes mais do que a própria equipa. No râguebi o jogador é sempre protagonista, é nessa cultura que os jogadores são formados. Mas o fenómeno futebolístico está a chegar ao râguebi, com maior presença de treinadores junto ao banco.”

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