A enésima tentativa de meter os indianos a vibrar com futebol

A “revolução” do futebol indiano vai fazer-se com cinco portugueses e também com jogadores que passaram pelo FC Porto e Benfica

Messi e Neymar em Calcutá? Para ter “craques” destes no futebol indiano vai ser preciso esperar
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Messi e Neymar em Calcutá? Para ter “craques” destes no futebol indiano vai ser preciso esperar Dibyangshu Sarkar/AFP
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Sorrisos na apresentação da Indian Super League. Será que é desta? Danish Siddiqui/Reuters
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Crianças jogam à bola numa praia em Chennai (Madrasta) Babu/Reuters

O futebol, já se sabe, não é o desporto que atrai mais atenções na Índia. Apesar de a população ultrapassar os mil milhões, segundo dados da FIFA são “apenas” 20,5 milhões (ou 2%) os indianos que jogam futebol. Acrescentem-se-lhes uns quantos milhões de interessados em futebol europeu e, ainda assim, vão sobrar várias centenas de milhões para quem o dito “desporto rei” é uma extravagância dos britânicos – os mesmos que merecem o crédito de terem inventado o críquete, esse sim, popular na Índia.

A estrutura dos campeonatos nacionais de futebol na Índia tem pouco menos de 20 anos. A Liga Nacional foi criada em 1996 e durou uma década, até à criação da actual I-League. O futebol não se tornou num desporto de multidões, mas uma nova competição promete nada menos do que uma revolução. O projecto é ambicioso e coloca a fasquia bem elevada: formar jogadores, tornar a Índia uma “potência futebolística global” e qualificar a selecção para o Mundial 2026.

O modelo é conhecido e nem é muito original: uma dose de dinheiro, outra de futebolistas com experiência europeia na fase descendente da carreira e uma pitada de publicidade. Houve uma tentativa nestes moldes, há dois anos, mas que acabou por não dar em nada: Fabio Cannavaro, Robbie Fowler, Hernán Crespo, Robert Pires e também Fernando Couto (como treinador) eram alguns dos nomes apregoados para um torneio de seis equipas mas que não saiu do papel.

O novo projecto chama-se Indian Super League e é “o primeiro torneio deste género a ser aprovado pela FIFA”, fez questão de notar o presidente da Federação indiana, Praful Patel. O carimbo do organismo que tutela o futebol mundial ajudou a atrair grandes nomes para a competição, que vai assentar em oito cidades. O Atlético de Calcutá foi a primeira equipa a ser anunciada, resultando de uma parceria com o Atlético de Madrid.

Uma das mais recentes aquisições foi Alessandro Del Piero, que aos 39 anos assinou pelos Delhi Dynamos, após duas épocas no futebol australiano. A ISL também contará com o espanhol Luis García (ex-Atlético de Madrid, Barcelona e Liverpool), os franceses David Trezeguet e Robert Pires, o internacional inglês David James (que será jogador-treinador) e o ex-Benfica campeão da Europa e do mundo Joan Capdevila, um de vários velhos conhecidos do futebol português e que será o jogador-referência do Northeast United FC.

Uma mão-cheia de portugueses fará parte desta “revolução” no futebol indiano. O FC Goa reúne três: Bruno Pinheiro (formado no Boavista), Edgar Marcelino (ex-Sporting), Miguel Herlein (passou pela formação do Benfica). No Team Mumbai está André Preto, guarda-redes formado no V. Guimarães. E Dinis (também ex-V. Guimarães) integra o Delhi Dynamos, com Marek Cech, internacional eslovaco que entre 2005 e 2008 representou o FC Porto. Também um velho conhecido é Panandétiguiri, que passou pela União de Leiria e vai vestir a camisola do Pune City.

Mas a ISL quer ajudar a descobrir talentos indianos, por isso os plantéis serão controlados e há a obrigatoriedade de cada equipa ter 14 jogadores nacionais. Após vários adiamentos, o pontapé de saída está marcado para 12 de Outubro. Será que é desta?

Planisférico é uma rubrica semanal sobre histórias de futebol e campeonatos periféricos

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