Alterações climáticas: aves migratórias regressam cada vez mais cedo à Europa

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É necessário ter mais informações sobre os efeitos das alterações do clima na migração das aves Jim Hollander/EPA

Aves migratórias como as andorinhas-das-chaminés (Hirundo rústica) que vão passar o Inverno ao continente africano estão a regressar cada vez mais cedo à Europa devido às alterações climáticas, revela estudo publicado na última edição da revista “Science”.

Uma equipa de cientistas analisou dados de 30 espécies de aves obtidos ao longo de 24 anos e concluiu que algumas aves estão a regressar vários dias mais cedo em relação à década de 80. Esta alteração é maior nas aves que percorrem longas distâncias e menor nas que viajam menos quilómetros.

Os investigadores acreditam que a migração antecipada destas aves pode resultar de alterações evolutivas, impulsionadas pelas alterações do clima.

Estudos anteriores já confirmaram que, na Primavera, as aves nunca chegaram tão cedo à Europa como agora. Mas a maioria das investigações sugere que as aves que viajam distâncias mais curtas podem ajustar mais facilmente os seus “calendários de voo” porque estas podem continuar a controlar as alterações climáticas nas regiões onde passam a Primavera e o Verão ainda que estejam em habitats onde invernam. Contrariamente, a maioria dos cientistas duvida que aves que passem o Inverno em África possam ser influenciadas para um regresso antecipado. Agora, esta equipa de investigadores mostra que sim.

O cientista sueco Niclas Jonzén, da Universidade de Lund e coordenador do estudo, diz que a melhor explicação é que as aves que migram de África passaram por alterações evolutivas “baseadas na pressão selectiva para uma reprodução antecipada na Europa”. Com a chegada da Primavera mais cedo ao Norte da Europa, os recursos alimentares também ficam disponíveis mais cedo. Por isso, as aves que conseguem migrar e reproduzir-se mais cedo na Primavera podem ter uma vantagem sobre aquelas que não se adaptam às alterações climáticas.

Tim Sparks, cientista do Centro de Ecologia e Hidrologia em Huntingdon, Reino Unido, tem dúvidas quanto às conclusões do estudo e defende que são necessárias mais informações. No entanto, diz que a investigação “é mais um passo na direcção certa”.

“Muitas espécies de aves estão a sofrer graves declínios populacionais. (...) Sem dúvida que é necessário ter mais informações sobre os efeitos das alterações do clima na migração das aves para prever futuras mudanças na biodiversidade”.

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