Cartas ao Director

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Quantas pessoas estiveram na Avenida, em Lisboa?

Na passada quinta-feira, assistimos em Lisboa a uma das maiores manifestações de sempre, para comemorar os 50 anos do 25 de Abril. Sem quaisquer estimativas que nos permitam sequer uma aproximação ao número de pessoas que estiveram na Avenida da Liberdade, venho fazer um apelo: podem as três operadoras de telecomunicações juntar-se nesta tarefa e dar-nos uma ideia de quantos telemóveis (nacionais e estrangeiros) estiveram naquela zona entre as 13 e as 20 horas de quinta-feira?

António Granado, Lisboa

Conceito de democracia

Democracia supõe que uma simples percentagem de votos, ainda que seja irrisoriamente superior, permita que um partido (ou coligação) tenha o direito de governar. Por outro lado, se por hipótese 51% dos votos corresponderem a um partido (ou coligação), este governará contra a vontade de 49% de votos, diga-se, cidadãos.

Se o governo for minoritário, com menos de 50%, cai o Carmo e a Trindade. Mas eis que esta circunstância será a que permite uma governação mais próxima de uma real democracia, porque haverá menor probabilidade de que os partidos menos votados sejam ignorados, isto é, que um menor número de cidadãos seja depreciado.

Assim sendo, já não se atribui a "razão" das políticas a uma métrica percentual, num certo sentido, não valorizando em absoluto o pensamento e as vontades de quase todos, e não considerando que os de menor número "tenham menos razão" só porque são, por hipótese, menos 1% do que os outros.

Talvez valesse a pena pensar no nosso actual conceito de democracia, em vez de se estar a fazer exercícios de hermenêutica sobre umas frases descontextualizadas, sem se conhecer o pensamento do qual foram extraídas, como se fosse esse o problema da democracia. Democracia é liberdade, mas também igualdade em todos os sentidos: saúde, educação, alimentação, habitação, direito de voto, e direito de ser representado com consequência na governação de um país.

Luís Filipe Salgado Pereira Rodrigues, Santo Tirso

25 de Abril sem dono

Estou a escrever para o vosso jornal pela primeira vez, apesar de ser sua leitora desde o primeiro número.

Todavia, hoje não resisti e, mesmo que a carta não seja publicada, pelo menos desabafei.

Não me revejo no pensamento nem na opinião de Carmo Afonso, assim como acontece por vezes com outros, mas no caso dela é mais frequente, devido à sua total falta de isenção. São artigos de opinião, todos têm direito à sua. Mas chocou-me especialmente a ligeireza com que acha que o 25 de Abril é “propriedade” da esquerda, e como todas as pessoas que, não o sendo, não teriam o direito a festejar a importante data dos 50 anos de Abril, a conquista da liberdade e democracia, em Portugal.

Que pouco democrata me parece ser, quando acha que a festiva data é só de alguns e não da totalidade do povo português. O 25 de Abril foi feito por militares, sem outros objectivos políticos que não o fim de uma guerra absurda e sem sentido e o fim de um regime caduco e fora de contexto do resto da Europa e do mundo ocidental.

Desde o início que a esquerda se apoderou da data, mas volvidos 50 anos é ridículo quererem a sua propriedade, pois a mesma não é de esquerda nem de direita, é do povo português. E todos os portugueses a devem festejar, até porque nem a liberdade nem a democracia são dados adquiridos, e todos temos obrigação de lutar por elas.

Maria Silva

Devolva Adão a maçã ao Paraíso

Disseram os brasileiros haver que tirar consequências das intenções de Portugal de querer indemnizar pelos danos resultantes do colonialismo, esquecendo os brasileiros que com intermediação dos ingleses e acordo dos brasileiros deveria ter sido Portugal a ser indemnizado pela perda do Brasil, só que os ingleses ficaram com a indemnização em paga do auxílio concedido. Devolvam os ingleses a indevida indemnização ao Brasil.

E, já agora, se os cristãos expulsaram os mouros e aniquilaram o Al Andaluz, indemnizem Espanha e Portugal pelo dano pendente. E se antes os mouros invadiram os reinos cristãos ibéricos e espoliaram os cristãos, Marrocos indemnize Portugal e Espanha pelos abusos cometidos.

E se os Suevos e Visigodos vindos de fora ocuparam o que aos romanos por conquista na Península Ibérica lhes pertencia, devolvam a Roma o que deles era. E se a ter como certo terem os romanos colonizado a Lusitânia, exaurindo-a dos seus recursos naturais, escravizando os vencidos, devolva Roma aos portugueses o que daqui subtraiu. E por fim, a ter como certo ter o patriarca Adão cometido o pecado de provar a maçã subtraída ao Paraíso, repare Adão o dano e devolva Adão a maçã que subtraiu.

Carlos Caldas, Lisboa

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