Há várias semanas que, olhando para o calendário, nos apercebemos que, aqui pela Fugas, a nossa celebração dos 50 anos do 25 de Abril teria de ser antecipada uns dias. Nada a que não estejamos já habituados – as datas importantes nem sempre se compaginam com o nosso ritmo sabatino. Em reuniões semanais, fomos trocando muitas ideias sobre o que incluiria a nossa edição especial: lançámos algumas para cima da mesa, riscámos a maior parte delas, até que chegámos a um alinhamento que, perdoem-me a imodéstia, está à altura da importância da data. Querem ver?
Começamos com o Luís Octávio Costa. Depois de algumas pesquisas, percebeu que, apesar de o 25 de Abril ser um marco fundamental na história do nosso país, não há uma grande rota turística que o evoque. "Há muito trabalho e mapeamento de espaços, mas falta um roteiro consistente e que conheça uma inscrição perene no espaço público. Falta falar de turismo político", concluiu o Luís Octávio, depois de ouvir várias entidades, desde a Associação 25 de Abril ao Turismo de Portugal, que diz estar "atento" e a acompanhar de perto o trabalho desenvolvido pelos diferentes intervenientes públicos e privados. A revolução já merecia uma rota, dizemos nós.
A Mara Gonçalves, por sua vez, foi a Tavira conhecer o actual Centro de Experimentação Agrária, de onde terão saído, há 50 anos, os cravos que alimentaram a revolução que decorria em Lisboa. Guilhermina Madeira era regente no então Posto Agrícola e é praticamente certo que lhe tenham passado pelas mãos as flores que foram depois enviadas para Lisboa e distribuídas por Celeste Caeiro aos militares que faziam acontecer Abril. As memórias de Guilhermina estão aqui, numa reportagem absolutamente imperdível.
E aqui lê-se um avanço do livro que a Sandra Nobre e a Clara Azevedo fizeram para comemorar a data. Chama-se 50 Cravos Depois – Guia pela Lisboa de Abril e revisita os lugares que atravessaram o período pré e pós-revolucionário e que perduraram – do bar Procópio à luvaria Ulisses, passando pela tabacaria Mónaco. Junta-lhe a memória dos que assistiram às mudanças, num retrato breve do estilo de vida dos anos 70 do século XX, entre imagens e palavras, a traçar o roteiro, 50 anos depois da Revolução dos Cravos.
Em Viseu, o hotel Avenida também conta uma história que toca o 25 de Abril. Foi da sua varanda que Humberto Delgado, "o general sem medo", proferiu o discurso de candidatura à Presidência da República, em Maio de 1958, afrontando o regime de Salazar. A Maria José Santana passou lá uma noite, recorda estes dias e revela algumas novidades deste ícone viseense.
Também à mesa temos 25 de Abril – para o chá das cinco, por exemplo. O Edgardo Pacheco conta-nos como o argentino Sebastian Filgueiras resolveu evocar a data com uma tisana de cravos. Para acompanhar a bebida, a Alexandra Couto sugere um caladinho, o doce de Santa Maria da Feira, ligado às lutas anti-regime, por direitos democráticos e liberdade. Já Pedro Garcias, numa crónica deliciosa, exorta-nos a levantarmos bem alto os copos para brindarmos à revolução.
E, claro, como a festa se impõe, temos propostas para todos os gostos e por todo o país, resumidas aqui por Cláudia Alpendre Marques e Sílvia Pereira.
25 de Abril, sempre! Bom fim-de-semana e boas fugas!