Dos Idos de Março às Calendas de Abril

Preparamo-nos para iniciar uma fase de verdadeira anedota: governar sem apoio e sem maioria, legislar sem votos, gastar sem orçamento, agir sem pensar e vencer sem mérito!

Ouça este artigo
00:00
06:30

A derrota dos socialistas, em Março, foi justa e merecida. Há muito que o Governo perdia força e imaginação, projecto e eficácia. Ao que parece, saiu-se muito bem na questão financeira. E a evolução social, com diminuição da pobreza, também ficará a seu saldo favorável. Quanto a tudo o resto, andou pelo desastre. Pouca obra feita, com especial pesadelo nos transportes públicos e nas infra-estruturas. Sobraram a demagogia e a inconsistência salariais, sobretudo relativamente aos corpos de Estado. Com a corrupção e o mau funcionamento da Justiça, complacência sempre, cumplicidade por vezes. E sobretudo a mais desastrada incompetência e a falta de cuidado relativamente aos grandes serviços públicos, especialmente a saúde e a educação. Enfeitiçados pela lenda da sua superioridade moral e política, deslumbrados com projectos ditos de “modernidade” e convencidos de que sabem melhor do que os outros, os socialistas perderam de vista o que melhor podiam e deviam fazer, servir o povo! É nos grandes serviços públicos, na escola e no hospital, mas também no transporte e na habitação, que se prova e demonstra a qualidade social e a sensibilidade política de um Governo e de um partido. Os socialistas souberam, em seu tempo, derrotar os comunistas e os bloquistas, mas não conseguiram bater as direitas, nem o centro-direita.

Os leitores são a força e a vida do jornal

O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.
Sugerir correcção
Ler 18 comentários