"Eu estou de pé totalmente silencioso. Quero um silêncio total, quero escutar o silêncio. Porque é no silêncio que Deus se faz ouvir", lemos em Uma Brancura Luminosa, o novo livro de Jon Fosse. É um escritor sempre à procura de dizer o indizível porque, declara em entrevista ao Ípsilon, "a literatura serve para dizer o que não se consegue dizer de outra maneira".

"Acho que tenho o conhecimento, digamos assim, para poder dizer que para as coisas mais importantes da vida as palavras são muito poucas. O que é que podemos dizer sobre Deus? Nada. Eu, pelo menos, não consigo. O que é que podemos dizer sobre o amor? Quase nada. Não temos palavras para isso. O que podemos dizer acerca da morte, para além do óbvio? Nada. Mas em literatura é possível dizer um pouco mais."

 
           
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Dos videojogos para o pequeno ecrã, há uma guerra intergaláctica prestes a eclodir. A segunda temporada da série sci-fi «Halo» já está disponível no streaming SkyShowtime.

         
           
 

José Riço Direitinho encontrou o Nobel da Literatura 2023 em Oslo. O lugar combinado para a entrevista: um café perto da casa cor-de-rosa, conhecida como "Grotten" (gruta), onde vive desde 2012 – um edifício do século XIX que, desde 1920, é atribuído, por decreto real, a título honorário, como residência permanente a um destacado artista norueguês.

A escolha do sítio e da hora para a entrevista é estratégica. O escritor quer manter algum recato. É uma celebridade na Noruega, sobretudo depois do Nobel.

"A minha escrita tirou-me do ateísmo", dirá ele na conversa, onde falou de Deus, do ofício de escrever, de Heidegger e do místico medieval Eckhart. E, claro, do Nobel.

Ainda nos livros, mas noutra geografia, noutro tempo (ou talvez não). Seis décadas podem pesar em muitos livros, não no clássico de Luís Bernardo Honwana. Nós Matámos o Cão-Tinhoso, obra fundacional da narrativa escrita moçambicana, envelheceu sábio e com suficientes camadas para ser capaz de ler o presente.

Partindo do massacre dos krahô, em 1940, João Salaviza e Renée Messora inscrevem a actual luta deste povo indígena do Brasil numa história mais vasta. Trabalho de cumplicidade entre dois mundos, A Flor do Buriti, que agora se estreia em Portugal, revela-nos "uma inteligência colectiva a funcionar", dizem-nos Salaziva e Messora em entrevista.

A Flor do Buriti é uma "aventura plástica", como escreve Luís Miguel Oliveira na sua recensão, e é um desafio ao pensamento comum. Ouçamos Salaviza: "Exigimos que os indígenas estejam congelados no tempo. E isto é um equívoco tremendo".

Os videojogos valem tanto como todas as outras indústrias culturais juntas. Olhamos para eles a propósito de Final Fantasy VII Rebirth, lançado recentemente. O primeiro Final Fantasy VII e outros jogos, "na segunda metade dos anos 90, apontaram novas direcções para o meio, simultaneamente narrativas e interactivas. Tal como o cinema emerge no final do século XIX para se tornar o grande meio narrativo do século XX, também os videojogos se têm imposto como as narrativas determinantes do nosso século", defende Luís Filipe Rodrigues.

Também neste Ípsilon:

- Música: conversas com Aldina Duarte e Jack Antonoff, um dos maiores produtores pop do mundo e líder dos Bleachers;

- Três discos portugueses: as novidades de Bateu Matou, Micro Audio Waves e Fogo Fogo;

- Cinema: os filmes do brasileiro Rogério Sganzerla estão à espera de serem descobertos;

- Mais cinema: as estreias de O Faraó Negro, o Selvagem e a Princesa, Mataram o Pianista e Obrigado, Rapazes;

- Conversa com Manuel Abrantes sobre o seu primeiro romance, Na Terra dos Outros;

- Mais livros: um grande elogio ao novo de Zadie Smith, A Fraude;

- O artista italiano Enzo Cucchi e a sua exposição na Culturgest, em Lisboa.

Boas leituras!


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