Minhocas não-nativas estão a invadir a América do Norte, e isso é um problema
Investigadores afirmam que as várias espécies de minhocas não-nativas (originárias da Europa e Ásia) podem ter um impacto negativo nos habitats. Cientistas aconselham “prevenção e detecção precoce”.
As minhocas não-nativas colonizaram grande parte do continente norte-americano, representando uma ameaça para os ecossistemas nativos, revela uma análise recente. Na revista Nature Ecology and Evolution, os investigadores documentaram a presença de dezenas de espécies de minhocas não-nativas em todo o continente, chamando-lhes uma “séria ameaça” à biodiversidade devido ao seu papel de “engenheiros do ecossistema”. As alterações climáticas podem agravar o problema.
Os investigadores consideraram dados que vão desde 1891 a 2021, incluindo informações de distribuição espacial e relatórios de minhocas não-nativas interceptadas pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos da América. Uma análise de dados da riqueza de espécies revelou que as minhocas não-nativas são provavelmente as espécies dominantes em 73% do continente, com 28% da América do Norte agora desprovida das suas espécies endémicas de minhocas.
No total, os investigadores identificaram 70 espécies de minhocas exóticas, a maioria das quais originárias da Europa e da Ásia. A utilização de minhocas para isco de pesca e a venda de materiais de vermicompostagem são em parte responsáveis, escrevem os cientistas, e as criaturas tendem a entrar no continente a partir da costa e das zonas com aeroportos.
As alterações ambientais causadas por estas recém-chegadas ameaças variam, e vão desde a ocupação de áreas com poucas minhocas nativas até à alteração da composição vegetal das florestas e outras áreas.
As minhocas são frequentemente vistas como forças positivas nos seus habitats nativos, mas os investigadores salientam que as espécies não-nativas podem ter o efeito oposto. Os movimentos lentos e os hábitos alimentares das invasoras podem causar uma compactação do solo que impede o crescimento das plantas, reduz a biodiversidade, permite a aquisição de plantas invasoras e prejudica árvores como o ácer.
“Uma vez que é virtualmente impossível remover populações estabelecidas de minhocas exóticas”, escrevem os investigadores, “a melhor opção de gestão é a concentração na prevenção e na detecção precoce”. Os investigadores apelam à adopção de políticas para evitar a propagação futura das minhocas alóctones, salientando que as alterações climáticas serão provavelmente o motor de futuras invasões.