PSD perde ex-líder da bancada na assembleia municipal para Rui Moreira

Ao fim de 41 anos de militância, Luís Artur abandona o partido com críticas à concelhia e ao candidato dos sociais-democratas à Câmara do Porto.

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Luís Artur deixa PSD em ruptura com Miguel Seabra, líder da concelhia do PSd-Porto, na imagem ao telefonte pp paulo pimenta

Com as eleições autárquicas à porta, o PSD-Porto perdeu no último mês duas figuras com uma longa militância partidária: primeiro, saiu Valente de Oliveira; agora foi Luís Artur, que integrou a lista de Luís Filipe Menezes à Assembleia Municipal do Porto (AMP) há quatro anos.

Ambos saem para apoiar o independente Rui Moreira, que se candidata a um segundo mandato na presidência da Câmara do Porto.

Ao contrário de há quatro anos, Valente de Oliveira optou por se desfiliar do seu partido de sempre para ser mandatário da candidatura de Rui Moreira. Já Luis Artur bate com a porta ao fim de 41 anos de militância, porque recusou seguir a orientação da concelhia que, há cerca de um mês, lhe exigiu, segundo disse, que “passasse a fazer uma oposição mais radical” na assembleia. Depois de se ter demitido da liderança da bancada do PSD, Luís Artur deixa o partido.

Ao PÚBLICO, afirma que sai em “divergência profunda com os órgãos do PSD”, mas aponta uma outra razão: “O partido deixou a sua matriz social-democrata. “Independentemente de achar que o PSD já não é o partido ao qual aderi em 1976, deixou de ser um partido social-democrata, perdeu os seus valores e princípios fundacionais e hoje é muito um jogo de interesses”, disse, reafirmando a sua oposição à escolha de Álvaro Almeida como candidato do partido à Câmara do Porto.

“Esta candidatura é para mim contranatura. O PSD devia ter escolhido um militante do partido”, diz, denunciando que “o PSD do Porto, nos últimos tempos, radicalizou o discurso. Tem um candidato à presidência da câmara [Álvaro Almeida] que não tem afinidades com o PSD, que não tem uma ideia de cidade e que a única coisa que sabe fazer é dizer mal de tudo, acentuando a via radical da candidatura".

Ao mesmo tempo que critica Álvaro Almeida, elogia Rui Moreira por ter “uma visão estratégica e de futuro para o Porto".

As razões por que sai do partido constam de uma carta que enviou esta semana ao presidente do partido, Pedro Passos Coelho.

Recentemente designado pelo presidente da Câmara do Porto para representar até Abril de 2020 a autarquia no Coliseu do Porto, Luís Artur afirma que nada tem contra Passos e a sua liderança, mas sublinha que “em primeiro lugar está a cidade e, “em consciência”, sente que deve apoiar o Porto. “Quis desfiliar-me do PSD e optar pela minha cidade”, justificou.

O economista refere ainda que o seu apoio ao presidente da câmara “é um apoio convicto no sentido de que a cidade tem alguém que tem capacidade de liderança e tem uma visão de cidade humanista e personalista”.

O ex-deputado municipal do PSD disse ao PÚBLICO que “foi natural” a sua aproximação a Rui Moreira: “Não custou nada fazer a transição do dr. Luís Filipe Menezes para o dr. Rui Moreira, porque há propostas muito parecidas”.

Quanto ao futuro, diz que vai lançar um movimento, de origem social-democrata, de luta pela regionalização.

A menos de três meses das autárquicas, o PSD-Porto não tem razões para sorrir. Dos três elementos da lista encabeçada por Menezes há quatro anos, apenas Ricardo Almeida se mantém fiel ao partido. Amorim Pereira viu o partido retirar-lhe a confiança política, depois de passar a estar alinhado com a actual maioria, e Ricardo Valente, que integrou a lista como independente, aceitou o convite de Rui Moreira para assumir funções executivas: é vereador do Desenvolvimento Económico e Social.

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