Campanha mostra como é amargo o trabalho infantil em África

Agência criativa BAR e a organização InSpirit lançaram vídeo uma campanha contra o trabalho infantil nos campos de cacau na Costa de Marfim. Vídeo mostra a reacção de portugueses ao provar um chocolate terrivelmente amargo

A organização InSpirit lançou, em parceria com a agência portuguesa BAR, uma campanha contra o trabalho infantil nos campos de cacau na Costa de Marfim. Apresentado esta sexta-feira, o vídeo tem o intuito de mostrar como é “amarga” a vida dos jovens que cultivam o fruto do chocolate e, assim, angariar 15 mil euros para a construção de cinco escolas em Marandallah. 

 

O vídeo mostra várias pessoas a provar uma suposta nova bebida num centro comercial em Lisboa. “Criámos uma marca de chocolate quente fictícia: o Cacau Inspirit, que é ultra-amargo. Absolutamente intragável”, explicou ao P3 João Gomes, um dos criativos da BAR. Quando bebem o líquido, as pessoas têm uma reacção muito negativa uma vez que a bebida é propositadamente amarga — na verdade, feita com vinagre, limão e sal.

Uma quantidade significativa das crianças na Costa do Marfim não vão à escola porque trabalham nas plantações de cacau. Para comunicar essa realidade, a BAR criou um conceito de campanha baseado na mensagem "o que cá é doce para as crianças da Costa do Marfim é amargo". Ou seja, o chocolate. Realizada em parceria com a produtora de publicidade Krypton, a campanha recorreu à utilização de câmaras ocultas. Após as filmages, todos participantes foram informados sobre a estratégia e os objectivos da campanha. 

A InSpirit é uma organização não governamental que congrega os agentes locais, voluntários internacionais e os Missionários da Consolata (um instituto missionário fundado na Itália em 1901, que acolhe sacerdortes e leigos e que estão em Portugal desde 1943). A parceria com a BAR surgiu porque um dos padres dos Missionários da Consolata conhecia um dos sócios da agência criativa em Lisboa.

Além do apoio financeiro para a construção das escolas, a InSpirit pretende recrutar voluntários para diversas missões. Dado o cariz religioso desta organização, esta campanha tem também como objectivo atrair colaboradores não necessariamente católicos. A escolha da Costa do Marfim deve-se à presença neste país de um dos missionários, João Nascimento, e também por ser um país que saiu recentemente da guerra, em condições humanas difíceis. Segundo dados da UNICEF, a percentagem de crianças que frequenta o ensino primário na Costa do Marfim varia entre 55,8% e 67,1%, dependendo do género. 

Notícia corrigida em 31/03/14: Foram adicionadas estatísticas da UNICEF. E ainda retirada a frase “Cerca de 80% das crianças trabalham nos campos e, como consequência, perdem muitas vezes o acesso à educação”.

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