A Agência Mundial Antidopagem (AMA) manifestou nesta segunda-feira a sua consternação com as revelações feitas num documentário de uma televisão alemã sobre novas deficiências no sistema de vigilância antidoping da Rússia.

Entre as acusações do programa emitido no domingo pela estação televisiva ARD estão a de que os treinadores russos suspensos da sua actividade devido à sua ligação aos casos de doping naquele país e recentemente revelados se mantinham a trabalhar com atletas e que outros continuavam a fornecer-lhes substâncias proibidas.

"Num momento em que a confiança no desporto é tremendamente frágil, estas notícias são o pior que podia acontecer para conferir confiança no sistema russo de controlo antidoping e logo numa altura em que os atletas mais precisavam”, fez notar o presidente da AMA, Craig Reedie. E o homem forte da AMA acrescentou: “O próximo passo é a colocação de dois peritos independentes na Rússia de forma a garantir que o sistema antidoping daquele país está livre de qualquer interferência externa e é completamente independente.”

Num comunicado revelado nesta segunda-feira, a AMA diz que vai analisar e debruçar-se sobre os casos agora expostos: “A AMA vai verificar estas acusações e, em especial, averiguar em que momento estas situações se verificaram”, acrescentou.

Numa reacção à agência Reuters, o ministro russo do Desporto, Vitaly Mutko, disse: “Estes dados foram, uma vez mais, retirados do contexto e são uma tentativa de enganar o público. Temos um país enorme, com 83 regiões. É possível que um treinador banido possa estar a trabalhar em algum lugar, mas não certamente com a selecção nacional, nem em competições oficiais.”

A Rússia e os seus atletas foram suspensos de todas as competições de atletismo de pista e de estrada no seguimento da descoberta de um amplo sistema de recurso ao doping por parte de diversos atletas e de dissimulação de resultados positivos e que contava com o apoio da própria federação de atletismo e do laboratório de controlo antidoping russo.