Para Nóvoa "a vitória está aí à porta"

O candidato esteve na Póvoa de Varzim, terra do seu pai, e falou com os pescadores na Afurada.

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“Ainda vou ser excomungada do meu partido”, ri-se Alzira Rocha, enquanto Sampaio da Nóvoa caminha pelo centro da Póvoa de Varzim, com um desfile de largas dezenas de apoiantes atrás, no primeiro grande momento de rua desta candidatura. Alzira é “militante do PCP”, diz, “há 40 anos”, mas declara o seu apoio ao ex-reitor. “Eu não tenho palas. Sei que o meu camarada não tem hipótese e por isso aposto na mudança.”

À hora marcada, antes das 11h30, já cerca de 30 apoiantes aguardam pela chegada do candidato à Praça do Almada, no centro da Póvoa. Um deles é especial. Alberto Sampaio da Nóvoa, 88 anos, é o pai do candidato. E um ilustre poveiro, que permite ao candidato passear por “casa”. Quando se encontram, o filho pergunta se o pai está “bem agasalhado” para o frio desta sexta-feira, dia de céu limpo e sol luminoso. O pai só tem acompanhado a campanha “pela televisão e pelos jornais”, explica ao PÚBLICO. “Nem tenho falado com o meu filho, que anda ocupado”, acrescenta. Mas do que tem visto, o juiz conselheiro jubilado, que foi ministro da República nos Açores, acredita que vai haver segunda-volta. “Estou convencido que sim. A campanha está a correr muito bem.”

Ao longo do trajecto entre a praça e o mar, onde Sampaio da Nóvoa deu os primeiros mergulhos, e aprendeu a gostar “do mar com ondas”, serão muitas as vezes em que será recordado como o “menino” que por lá passava férias. Maria Ondina segura-lhe nas mãos, enquanto lhe pergunta pelo pai.

Poucos metros à frente, David Sá também integra o desfile, que já conta com largas dezenas de apoiantes. Queixa-se do papel da comunicação social que, na sua opinião, “estende um tapete vermelho a Marcelo Rebelo de Sousa”. No entanto, Nóvoa tem uma “certeza cada vez maior”: “A vitória está aí à porta”, diz, entusiasmado, na inauguração da sede de campanha na Póvoa. E até se ri da “rima fácil” com que os seus apoiantes o brindam: “A Póvoa vai votar e o Nóvoa vai ganhar.”

De cumprimento em cumprimento, o candidato chega a um grupo de jovens raparigas. Cedo percebe que ainda lhes faltam “cinco anos” para serem eleitoras. Mas a conversa dá frutos. Os gritinhos adolescentes ouvem-se vários metros à frente, quando o candidato se afasta, como se fosse um Justin Bieber de passagem pelas ruas da terra.

Outro cliché é a forma como Maria dos Anjos, vendedora de peixe da Afurada, freguesia de Gaia, chama a atenção da pequena multidão que se junta à sua beira. “Faneca”, grita, prolongando as vogais, em trinado. Maria não promete voto nenhum ao candidato. “Não sei...” Mas deixa uma certeza. Em quem não votava, se fosse candidata, era na “ministra”. Refere-se a Assunção Cristas, a candidata à liderança do CDS, que na Afurada surge em duas de cada três conversas como a responsável pelo problema de que se fala: as quotas da sardinha.

Nóvoa ouve muitas queixas. O que pode fazer, se for eleito? “O Presidente pode fazer duas coisas: ouvir as pessoas, dar visibilidade aos seus problemas e mostrar uma preocupação grande pela maneira como nos relacionamos com a Europa, onde precisamos de uma voz mais crítica.”

O candidato pôs-se do lado dos pescadores, “um sector que tem de ser protegido”,  e afirmou que “não há razão para que um povo que quer trabalhar seja obrigado a ficar em casa”.

António da Cruz Regalado, “oitenta anos e meio”, já está reformado da pesca. “Andei 13 anos na pesca do bacalhau”, conta. Mas não da política. “Toda a vida fui socialista”, jura. Quando Nóvoa passa, António pede-lhe: “Tire de lá o Cavaco.” Mas também não jura fidelidade a Nóvoa. “Eu voto no candidato do meu partido.” E Maria de Belém? “Qualquer um dos dois.”

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