CDS e moradores reclamam debate sobre futuro do "eixo central" de Lisboa

O vereador centrista vai apresentar uma moção na qual defende a "imediata anulação" do procedimento concursal para a requalificação da área entre o Marquês de Pombal e o Campo Pequeno.

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"Estamos a falar de uma obra no coração da cidade", nota João Gonçalves Pereira, que acusa o executivo de gerir o processo de forma pouco democrática DR

O CDS quer que a Câmara de Lisboa proceda à “imediata anulação” do procedimento concursal para a requalificação do “eixo central da cidade”, entre o Marquês de Pombal e o Campo Pequeno, e que realize “um amplo debate público” sobre o projecto que pretende concretizar. Também os moradores e comerciantes da zona decidiram, em plenário, exigir a suspensão do processo até serem ouvidos.

“Estamos a falar de uma obra no coração da cidade, depois dos erros que foram cometidos na rotunda do Marquês de Pombal e na Avenida da Liberdade”, frisa em declarações ao PÚBLICO o vereador do CDS, que vai apresentar uma moção sobre o tema na reunião da Câmara de Lisboa que se realiza esta quarta-feira.

Nessa moção, João Gonçalves Pereira critica o “clima de segredo e a total falta de informação prestada a esta câmara e ao público em geral” sobre o projecto (que se integra no programa camarário Uma Praça em Cada Bairro) e defende que “a importância do eixo central de Lisboa para o dia-a-dia de quem vive e trabalha na cidade não pode ser ignorado pela pressa eleitoralista e pelo afã de mostrar obra”.  

O vereador centrista acusa o executivo de ter “dissimulado” o projecto “no interior do objecto de uma mera empreitada”, empreitada que a câmara decidiu no início de Setembro levar a concurso. Para João Gonçalves Pereira, que foi o único eleito a manifestar-se contra a proposta, “discutir uma empreitada antes de discutir o projecto é um modo pouco democrático de gerir a cidade, e por esta razão merecedor de forte censura”.

Na moção, o autarca considera também que o “elevado valor” da obra, que tem um custo estimado de 9,4 milhões de euros acrescidos de IVA, justifica que ela seja feita de uma forma que vá “ao encontro dos anseios e das necessidades da população”. João Gonçalves Pereira lamenta ainda a falta de respostas do executivo às muitas dúvidas que tem levantado sobre este tema, bem como o facto de não lhe ter ainda sido entregue “o estudo de impacte de tráfego que o presidente da Câmara de Lisboa disse existir e que prometeu distribuir”.

Na segunda-feira à noite, João Gonçalves Pereira participou num plenário promovido pelas associações de moradores das Avenidas Novas de Lisboa e da Praça de Entrecampos sobre o futuro do eixo central e concluiu que as suas preocupações são partilhadas por muitos residentes e comerciantes da zona. “Há uma profunda indignação da parte da população por não ter sido ouvida e enormes reservas quanto ao que a câmara pretende fazer”, constata o vereador do CDS.

Nessa assembleia foi aprovado, por mais de 80 pessoas, um documento no qual se manifesta “indignação pela falta de informação” prestada pelo município sobre o projecto para a área entre o Marquês de Pombal e o Campo Pequeno e se exige a sua suspensão até que moradores e comerciantes sejam "ouvidos". Um novo plenário foi já marcado para o dia 6 de Outubro, data em que se espera que o vereador do Urbanismo, Manuel Salgado, esteja presente para apresentar a proposta da câmara. 

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